Vamos falar de sexo?





Se você esta lendo este texto provavelmente se interessa por sexo. Já fez, faz, ou pretende fazer. O que cada indivíduo faz com seu corpo diz respeito apenas a ele, desde que não coloque em risco ou fira a dignidade humana de outrem. Portanto, o que proponho neste post é apenas uma reflexão. Vamos refletir principalmente sobre aquelas pessoas que passaram ou passam algum tipo de problema que esteja relacionado ao sexo. Nesse primeiro tópico, a pedido de uma leitora, falaremos sobre o sexo sem compromisso. Será que todos estão preparados para ele?





Estamos vivendo a época do “ficar”, e o ficar mostrou às pessoas que elas podem ter intimidade sem compromisso, e isso desestabilizou todas as fases do relacionamento. Podemos perceber pela facilidade com que as relações chegam ao fim. A pessoa com quem você faz sexo (ápice da intimidade) é a mesma que passa por você na rua no dia seguinte e diz apenas oi.
Estamos começando de trás para frente. Primeiro o sexo e depois o envolvimento romântico. Primeiro morar junto, depois pensar em casamento. Em muitos casos primeiro fazemos filhos para depois decidir se deixaremos os mesmos nascerem. Humm… Parece que algumas coisas não se encaixam, não é mesmo?
Longe de mim o falso moralismo! Sei muito bem que existe uma parcela considerável de pessoas que realmente abomina as tradições, que consideram cafona o namorar, o casar, ter filhos, etc. Porém, a maioria esmagadora ainda sonha em encontrar alguém para dividir a vida, um parceiro com quem se pode planejar o futuro, alguém que estará ao seu lado na alegria e na tristeza, literalmente.





O ficar está intimamente ligado a sensaçao de liberdade, ainda que na maioria dos casos essa seja uma falsa sensação. Vamos analisar como é possível ser escravo da própria liberdade. Abaixo vou descrever um pequeno caso de uma paciente que me procurou pelo seguinte motivo: cansou de sexo sem compromisso e estava se sentindo usada.
Mudarei apenas o nome para preservar a identidade da mesma.

O Caso Ana

Em nosso primeiro encontro Ana disse que procurou a terapia pois estava insegura em relação à vida profissional. Não precisei de muitas sessões para descobrir que a questão do conflito de Ana realmente estava ligada a seu trabalho, porém, o problema verdadeiro estava na quantidade homens com quem ela já tinha feito sexo num curto intervalo de tempo, todos da mesma empresa. Não era de estranhar que Ana se sentisse (mesmo que fosse apenas na sua imaginação) desrespeitada e desvalorizada na empresa, onde ela exercia um cargo de chefia.
Não tire conclusões precipitadas! Ana não é nem de longe uma mulher liberal que faz sexo despreocupadamente com quem sentir vontade. Essa era a imagem que ela passava. Mas a verdadeira Ana era uma mulher sonhadora e insegura, já passava dos 37 e tinha um enorme medo de envelhecer sozinha, aos 21 anos foi abandonada por um homem de quem muito gostava. Na ocasião Ana suspeitava que estivesse grávida e segundo ela esse foi o motivo do abandono. Desde então Ana projetava a imagem deste homem em todos os outros, de forma que suas relações eram sempre de amor e ódio, e o medo do abandono fazia com que Ana abandonasse primeiro. Quantos amores ela perdeu nesse percurso! Usava o sexo como arma, mas foi ela quem mais saiu atingida.
Percorremos um longo caminho até que ela desse conta de que as pessoas são diferentes, as situações são diferentes e que não eram os homens que a usavam como objeto sexual e sim ela que usava o sexo sem compromisso como uma defesa, uma forma de não se apaixonar e sofrer novamente.

Quando comecei a psicoterapia de Ana eu ainda era estudante/estagiária, por esse motivo não a acompanhei até o momento de sua alta. Mas lembro perfeitamente suas palavras na ultima sessão:
“Jaqueline, eu perdi muitos anos da minha vida negando meu maior desejo, ter minha própria família. Realmente não se pode esconder um desejo a vida toda. Acho que ele vem atrás da gente sabe, fica perturbando nossa cabeça.”

Ana tinha razão. Como Freud disse: Não se pode esconder um segredo, quando a boca se cala, falam as pontas dos dedos.

Contei aqui um caso de uma mulher, todavia, existem muitos homens que passam por situações semelhantes. E acredite, numa cultura que diz que homem não chora, que homem é tudo igual e que homens só querem sexo, os que são diferentes desse estereótipo sofrem e encontram dificuldade em se relacionar. Não podemos dizer que os homens não querem compromisso nem que mulheres são românticas iludidas. Podemos dizer que vivemos uma época onde as pessoas estão com a mente desconectada do coração. São levadas por modismos, pelo politicamente correto. Anulam seus desejos, seus princípios e sonhos para não serem julgadas, para não serem discriminadas. As mulheres estão fazendo sexo no primeiro encontro porque negar é careta, é falso moralismo, os homens têm que sair transando com qualquer uma que aparecer, para mostrar que são machos, para não serem motivo de chacota.

Como eu mencionei no inicio cada individuo é o único responsável por seu próprio corpo, longe de mim dizer o que é certo para alguém. Minha intenção é levá-lo a refletir sobre como você tem se relacionado com sua própria sexualidade e ajudá-lo desta maneira e ser mais feliz e satisfeito. Desejo que você seja cada vez mais consciente e congruente sobre o que te faz feliz e o que você tem feito.
Grande abraço!

About the Author Jaqueline Bento

Mulher, psicóloga, apaixonada por pessoas e suas singularidades. Tenho como missão secar lágrimas e arrancar sorrisos. Vou vivendo e aprendendo, aprendendo e escrevendo.

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