Quando encontro comigo mesma

Às vezes sinto a necessidade de ficar sozinha, e ficar sozinha não quer dizer ficar solitária, mas sim ficar comigo mesma.
Colocar meus pensamentos e emoções em ordem sem o olhar de mais ninguém por perto, só o meu.
Preciso disso para arrumar minhas bagunças internas. Quem não as tem?
E sozinha me faço companhia, me reorganizo, me ressignifico.





Revisito meu passado, distante ou recente. Faço uma faxina nas minhas memórias. Separo as que ainda me servem, jogo fora as que já são inúteis. Olho para muitas com carinho, me permito sentir saudades.

Também olho pra o futuro que me aguarda lá longe ou daqui a um minuto. Busco novos caminhos e alternativas. Resolvo questões e problemas. Reajusto a rota. Algumas vezes apenas sonho acordada e faço planos. Porque a realidade começa aí.
Outras vezes deixo o choro lavar minha alma e me limpar por dentro. Me permito fragilizar sem ter que me desculpar por isso, ou dar maiores explicações. E assim deixo as dores irem embora mansamente.

Elimino culpas e pesos desnecessários. Mando embora o stress e o que mais tenha roubado minha leveza e alegria.
Tem dias que a música me acompanha, nesses dias eu danço comigo mesma. Em outros eu silencio. Quando a alma me pede calmaria. E eu me obedeço. Me respeito.
Quando estou cinzenta busco meus lápis de cor e rabisco algo colorido. Ou quando as cores estão muito fortes, me suavizo. Edito fotos e sentimentos.
Vejo filmes ou leio um livro, viajo nas estórias de outros e ali muitas vezes me reencontro.

Posso sair e dar uma volta, passear com calma pelo mundo ao meu redor. Olhar o mar, o meu mar. Me inundar de azul.
Preciso desses momentos sozinha, na minha própria companhia, para me reciclar, me renovar, recarregar minha bateria.
Esses são momentos essenciais  pra mim. E me dão muito prazer.





Acredito que quem não consegue ser boa companhia pra si mesmo, dificilmente será boa companhia pra outras pessoas.
E nos dias de hoje, onde quase todos expõem diariamente suas vidas nas redes sociais, se colocam sob milhares de olhares e julgamentos, é tão raro os momentos a sós. Momentos de real privacidade. Momento de tirar as máscaras que todos usamos em sociedade. Momento de apenas ser quem você é. Momento de se ver, se ouvir, se dar colo, se cuidar, se acarinhar.
Não falo aqui de isolamento, falo de permitir um tempo para si. Um tempo pra se conhecer ou se reconhecer, sem angústia nem medo de sentir solidão. Até porque solidão pode ser sentida mesmo quando se está no meio de uma multidão.

Pode ser por uns dias, algumas horas, alguns minutos que seja. Estar na sua própria companhia não é solitário, é libertador, curador!

Quando foi a última vez que você marcou um encontro consigo mesmo?

About the Author Maíra Alves

Psicóloga clínica e facilitadora de grupos de Constelação Familiar Sistêmica. Coleciona bonecas e boas estórias. Fotografa o que encanta os olhos e a alma. Escreve para expressar o que passa na mente e no coração. Pinta e borda, literalmente. Apaixonada pela vida, romântica inveterada e com a incurável mania de ver sempre o lado bom das coisas.

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