A Teoria do Apego e sua influência nas relações

Você quer saber por que se apega tanto a uma pessoa, relacionamento, ou qualquer outro tipo de figura?

De acordo com a Teoria do Apego e o seu precursor, John Bowlby, o cuidado materno durante a infância de um indivíduo é primordial para alavancar o seu desenvolvimento psíquico até a idade adulta.


O desenvolvimento socio-emocional das crianças em seu primeiro ano de vida, ou primeira infância, é influenciado pela forma de cuidado proporcionado pelos seus cuidadores primários.

De acordo com Bowlby: “o papel do apego se reflete nas ações de uma pessoa para alcançar ou manter proximidade com outro indivíduo. A função principal atribuída a esse comportamento é biológica, corresponde a uma necessidade de proteção e segurança.”

Ressalta ainda que: “o comportamento do apego não é herdado, o que se herda é o seu potencial, ou tipo de código genético, que permite à espécie desenvolver melhores resultados adaptativos”, e evoluir ao longo da vida.

O comportamento de apego está em nossa vida de várias formas e intensidade, percebe-se isto pela forma na qual buscamos nos aproximar de outras pessoas, pela forma ou intensidade que nos apegamos a alguém e, muitas vezes, pela forma de chamarmos a atenção.

Para Bowlby, os cuidados primários são essenciais para a base de todos os relacionamentos íntimos futuros. As experiências com os cuidadores primários iniciam o que futuramente se generalizará como uma percepção sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo. Pode-se concluir, portanto, que os cuidados primários durante a infância, especialmente na relação com a mãe, são fundamentais para que o funcionamento dos modelos internos se desenvolvam da forma mais sadia possível.

Logo, o envolvimento afetivo e cognitivo definem a maneira que a criança irá representar mentalmente as suas figuras de apego, tanto de si mesma como do ambiente, compartilhando essas mesmas representações na fase adulta. Essas representações se baseiam nas experiências vivenciadas em condições físicas, psicológicas e ambientais.

Bowlby definiu alguns tipos de classes de apego; classes essas que serão determinantes para a formação da personalidade adulta.

Padrão Seguro


No padrão ou apego seguro, as crianças podem explorar seu ambiente de forma motivada e, quando estressadas, mostram confiança, agem com responsabilidade ao receber o cuidado e a proteção das figuras de apego. Incomodam-se quando se separam de seus cuidadores, porém, de forma moderada.

Indivíduos que vivenciaram esse tipo de apego, em sua fase adulta desenvolvem maior tolerância às frustrações, bem como à separação de uma figura. Têm maior facilidade ao lidarem, por exemplo, com a ruptura de um relacionamento amoroso.

Apego Ambivalente ou Resistente

É apresentado por crianças que, antes de serem separadas de seus cuidadores, apresentaram comportamento imaturo para a sua idade. Ficam bastante incomodadas ao se aproximarem de outras pessoas. Quando os cuidadores retornam, elas alteram o seu comportamento e não se aproximam facilmente.

Na fase adulta, podemos observar esse tipo de comportamento em pessoas que praticam a “chantagem emocional” para reatar um namoro, conseguir a atenção de alguém, ou até mesmo em pessoas que se utilizam da ameaça para conseguir alguma coisa, inclusive, em casos mais graves, ameaçando o outro de morte.

Padrão Evitativo

Crianças com esse tipo de padrão, quando separadas das figuras primárias, brincam de forma tranquila, interagem bem com outras pessoas e mostram-se pouco inibidas. Ao se aproximar de seus cuidadores, demonstram pouca necessidade de atenção, se mantêm em distância e não os procuram para obter conforto.

É preciso observar, porém, quanto à intensidade da evitação. Um padrão evitativo de forma exagerada pode acarretar num comportamento patológico e dificuldades no desenvolvimento psíquico.

Pessoas que vivenciaram esse tipo de padrão, geralmente apresentam maior facilidade em lidar com quaisquer tipos de separação. São pessoas que sofrem, mas conseguem manter um equilíbrio emocional estável.

Padrão Desorganizado ou Desorientado


Crianças que tiveram experiências negativas e apresentaram um comportamento contraditório, relacionado às situações de separação. Essas crianças possuem um comportamento impulsivo, envolvendo apreensão durante as interações com o ambiente, expressam raiva, confusão facial ou expressões de perturbação.

Pessoas que desenvolveram esse tipo de apego, em sua fase adulta, apresentam grande dificuldade nos rompimentos de laços afetivos. Mostrando desorientação, “não sabem o que fazer”, geralmente apresentam grande dependência afetiva e podem demonstrar, muitas vezes, a sua necessidade de estar com o outro, de forma agressiva e ambivalente ao seu desejo. Ou seja, demonstrar o seu sentimento com ações contraditórias.

“Portanto, percebe-se a grande importância e influência que o cuidador exerce na vida de um indivíduo, o vínculo mãe-bebê definirá o modo como a pessoa irá viver a sua vida e se adaptar ao mundo.” John Bowlby

BOWLBY J. Apego. São Paulo: Martins Fontes, 2ª edição, 1990.
BOWLBY J. As origens do apego. In: Uma base segura: aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas; 1989. p. 33-47.
CARVALHO, Ana Maria Almeida; POLITANO, Isabella;
FRANCO, Anamélia Lins e Silva. Vínculo Interpessoal: uma reflexão sobre diversidade e universalidade do conceito na teorização da psicologia. Campinas. Estudos de Psicologia. 2008.
DALBEM, J. X.; DELL’AGLIO, D. D. Teoria do apego: bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento.

About the Author Tamiris

Psicoterapeuta.

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