Amores instantâneos

Conseguir permanecer em um relacionamento sério e estável nos dias de hoje está se tornado cada vez mais desafiante para a maioria das pessoas, devido a mudança de postura e até do formato das relações. Hoje os meios de comunicação facilitam encontrar e conhecer pessoas, e também facilitam ser substituído por outras pessoas.






Com isso o que era novidade em um dia pode ser ultrapassado no dia seguinte, ou no minuto seguinte. Olhando por este prisma podemos dizer que os relacionamentos estão basicamente sendo vivenciados através do trinômio ‘whatsApp-sexo-indiferença’.  Isso implica dizer que hoje as relações são muito mais virtuais e superficiais, que o tempo investido no conhecimento do outro – normalmente este conhecimento do outro ocorre unicamente pela internet – e dada a sua velocidade é inevitável que sejam fugazes e passageiras as manifestações de amor, com raras exceções.





Essa busca pelo novo, pelo diferente ou pelo prazer sexual transitório, está cada vez mais constante, rápida, ágil, facilitando os encontros sexuais e dificultando o amor. Isso acontece porque geralmente conduz o ser humano para um processo perigoso onde pode-se perder a identidade, sua capacidade de ser autêntico, tentando a cada relacionamento rápido ou liquido se ajustar ao querer do outro, se ajustar ao desejo do outro, na esperança de ser aceito pelo outro e de pertencer a uma história. Poderíamos mesmo dizer de ser fluido, amorfo para adaptar-se a estes novos tipos de relacionamentos.
Mas ainda existem aqueles que buscam por um amor nos moldes da vovó, e sofrem pois tem dificuldades em acompanhar a celeridade do amor, diga-se de passagem dessa nova forma de amor instantâneo, em que não é possível dizer o tempo, a forma ou o peso do mesmo. Não é possível se prender a ele pois em uma semana pode ter secado ou mesmo evaporado como acontece com a água, dada a sua liquidez. O mais preocupante é que com isto perde-se um pouco da capacidade de acreditar no outro, de confiar ou mesmo de se abrir para um amor real, duradouro, com brigas, chateações, rotinas, e com objetivos maiores como o de aceitar e ser aceito pelo outro, mesmo com todos os seus defeitos e falhas naturais de ser humano.
Importante mesmo é lembrar que a felicidade é um processo e não um fim. Então não se pode ficar isento ou fugir destas novidades e formas de amor, mas pode-se buscar um equilíbrio constante entre o seu próprio ser e o que se deseja complementar com a chegada do outro, para que assim o amor, o sexo e o ato de relacionar, ganhem calor, colorido e sentido – mas sem perder a intensidade e o brilho próprio dos bons e saudáveis relacionamentos do tempo da vovó!

About the Author Vera Oliveira

Contadora, com especialização em Gestão Financeira, especialização em Docência do Ensino Superior, especialização em Sexualidade Humana, e atualmente estudante do Curso de Psicologia.

Leave a Comment: