Alguém tem te frustrado. E agora, o que fazer?

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…Sentimentos como frustração, vergonha, irritação, ressentimento, raiva, ciúme e medo não são ruins, na verdade são momentos muito claros que nos ensinam onde é que estamos pisando. Eles nos ensinam que se recuperar e procurar apoio é melhor do que se revoltar e ir embora. Eles são como mensageiros que nos mostram com clareza assustadora exatamente onde estamos presos. Este momento é o professor perfeito e, para nossa sorte, ele está conosco onde quer que estejamos -Pema Chödrön.





Quando a minha filha começou a escola há muitos anos atrás, foi muito emocionante encontrar todos os outros pais e fazer novos relacionamentos. Eu achei a maioria das pessoas muito simpáticas e gostei do tempo que fazia as indas e vindas da escola. Havia um pai com o qual eu tentei falar, no entanto, ele não foi muito simpático. Ele nunca dizia: ”Olá”, a não ser que eu dissesse primeiro, e ele nunca falava comigo, a menos que eu iniciasse uma conversa. Mas nas vezes em que eu me aproximei dele tivemos algumas conversas agradáveis.





Após cerca de dois anos na escola, eu ficava tão irritada quando o via e ele não dizia nada para mim, que um dia até senti um pouco de aperto no meu coração. Então eu decidi que não iria mais falar com ele novamente, a menos que ele falasse comigo primeiro. Claro, eu ainda dizia: ”Olá”, quando nossos olhos se encontravam, mas eu nunca mais tentei falar com ele a não ser que fosse uma necessidade.
Eu me senti bem justa com a minha decisão. Depois de alguns dias, quando o vi já estava tão fechada que acabei não sentindo nada. Eu tinha me desligado e, naquele momento, me senti muito melhor do que ser ferida e decepcionada a cada vez que o via.
Na semana seguinte, eu cheguei na escola e descobri que esse homem havia falecido. Eu me consumi pela culpa, porque nas últimas vezes que eu cruzei com ele, mal havia dito um ”Olá”. Quando assisti ao seu funeral, descobri que ele era um músico que trabalhou em todo o tipo de coisa para poder sustentar sua família. Eu também descobri que ele se sentia muito desconfortável na escola, se sentia como um forasteiro. Ele estava tendo dificuldades para enfrentar as despesas e não tinha seguro saúde, por isso não conseguiu fazer os exames médicos de que necessitava. Todos os seus amigos o amavam muito e contaram várias histórias deste homem sobre o qual eu descobri que tinha um coração muito bondoso e compassivo.





Alguém poderia dizer que foi ele quem se fechou para mim e, por isso, as minhas ações se justificaram, mas o fato é que as minhas ações não mudaram nada e, certamente, não me ajudaram a crescer. Cada interação deveria ser apenas sobre eu conseguir o que quero? Me senti rejeitada e indesejada, então fechei o meu coração. No entanto, se eu tivesse tomado esses sentimentos como sinais de aprendizagem, que estavam ali exatamente indicando que eu precisava me focar no amor e na empatia, eu teria mantido meu coração aberto. Quem sabe o que poderíamos ter compartilhado juntos? Este homem estava passando por um mau momento e em vez de o apoiar e demonstrar bondade, eu me senti magoada e me desliguei porque não estava conseguindo o que eu achava que precisava.

Naquele dia eu fiz um compromisso comigo mesma de que não iria mais fugir do desconforto ou do sofrimento. Dar atenção para cada situação difícil me permite cultivar mais entendimento sobre mim e sobre o mundo em que vivemos. Se eu me sentir excluída, frustrada ou com raiva, tento sentar e examinar a situação. Eu permito que meu coração sinta, respiro e tento entender as possibilidades por trás da resposta de alguém ou de alguma situação. Eu tento ver isso mais como uma forma de bondade e amor do que algum recebimento. E tenho notado que esta mudança de “prestar atenção” e tentar resolver as situações que eu temo poderem me machucar, está me trazendo mais paz e sabedoria do que me fechar, como eu costumava fazer. Isso também aprofundou as minhas relações com outras pessoas.
Talvez todos nós possamos manter o nosso coração um pouco mais aberto.

Talvez possamos permanecer acessíveis por alguns minutos a mais do que normalmente faríamos.

Talvez exista algo para aprender ou talvez ajudar outro indivíduo que esteja sofrendo.

Talvez ficar de coração aberto seja a forma de fazer o mundo mudar aos poucos.

Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptado por Psiconlinews

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