Suicídio: Um lado obscuro da morte

Acredito que a maioria das pessoas já teve conhecimento de alguém próximo ou já ficou sabendo de alguma história contada por amigos ou parentes sobre algum caso de suicídio. Mesmo assim existe um certo tabu por trás desse tema. Por que pessoas aparentemente felizes comentem suicídio? Por que uma pessoa toma essa decisão extrema de tirar a própria vida? Por que pessoas famosas, com prestígio, conhecidas mundialmente, como o ator Robin Williams tiram suas próprias vidas? São perguntas que podem nos fazem pensar sobre a vida e sobre a existência. Pode algum problema ou Transtorno Mental ser tão grave a ponto de levar uma pessoa a cometer suicídio? Pode algum problema gerar tanto desespero a ponto de uma pessoa pensar que não tem solução e cometer suicídio?





Essas são perguntas feitas pela maioria das pessoas ao se depararem com um ato de tamanha repercussão e de uma profunda reflexão sobre a existência. Tirar a própria vida, para muitos é algo inimaginável. Mas para pessoas que apresentam casos mais graves de depressão ou que não conseguem lidar com alguns problemas da vida é algo que se pensa bastante. É um conflito interno muito grande. Pode a vida não ter mais sentido ou não conseguirmos resolvermos nossos problemas? O certo é que para as pessoas que cometem suicídio a resposta parece ser sim. E cada vez mais nos deparamos com o suicídio. São números que tem aumentado em todo o mundo. Entre os anos de 2000 e 2012 houve, no Brasil, um aumento de mais de 10% nos casos de suicídio. O Brasil está entre os dez países com maior índice de suicídio do mundo. A Organização Mundial de Saúde estima que no Brasil acontecem entre 25 a 30 mortes por dia através de suicídio. E esses números vem aumentando, assim como os números de Transtorno Mental. Existem ainda os casos de tentativa que nem sempre são concretizados.





Estudos apontam que mais de 90% das pessoas que cometem suicídio apresentam algum transtorno mental associado. A depressão é o Transtorno Mental mais encontrado nesses casos, embora existam outros transtornos que podem estar associados. O uso abusivo de substâncias como álcool e drogas também estão presentes. É importante que haja o diagnóstico correto e que o tratamento seja seguido adequadamente. Ser diagnosticado com um transtorno mental não é sinônimo de suicídio. Ao seguir o tratamento corretamente, essas chances caem e podem reduzir o risco de suicídio entre 80% e 90%.
Outros dados também podem ser levados em consideração. Uma extrema angústia ou uma aflição para a qual a pessoa não vislumbra nenhuma possibilidade de solução, falta de esperança no futuro para lidar com alguns problemas. Morte de alguém muito próximo e o processo de melancolia, que é caracterizado por fortes crenças de que não se tem valor algum e apenas os aspectos negativos são ressaltados. Todos esses pensamentos são frequentes. A pessoa que planeja o suicídio carrega consigo o pensamento de que não possui nenhum tipo de chance de resolver seus problemas e essas características também estão presentes em pacientes deprimidos. Eles se queixam de não encontrar forças, ânimo e motivação para a realização de qualquer tipo de atividade, minando as potencialidades do ser humano. Além do mais, em muitos casos também acreditam que são um “peso” para outras pessoas.





Segundo Freud, 3 aspectos são importantes ao considerar o suicídio. (1) Aspectos hereditários. Um histórico de Transtorno Mental na família deve ser investigado. (2) Vivências Infantis. Os cuidados dos pais dispensados aos bebês, sobretudo no que se diz respeito à emoção e (3) situação atual. Experiências traumáticas que são vivenciadas pelas pessoas ao longo da vida e que são capazes de produzir angústia e alteração psíquica, causando sofrimento.
Apesar do aumento de casos há ainda um pouco de receio de que, ao tocar no assunto, as pessoas serão estimuladas a cometerem suicídio. Só ao abordar essa questão é que se saberá a gravidade da situação, se a pessoa mantém esse pensamento e poder ajudar. E ao se perceber essa intenção é muito importante agir rapidamente para evitar um processo que está em evolução.
Ainda temos um agravante para o aumento dos números de transtornos mentais. Existe hoje, por conta das redes sociais, uma pressão muito grande. As pessoas precisam se mostrar alegres. Precisam mostrar que a vida é cheia de coisas boas, de amigos, de viagens, etc. Mas nem sempre essa é a realidade. O estresse dos dias atuais, a correria do dia a dia, a pressão no trabalho, a queda da qualidade de vida e claro, fatores genéticos, dentre outros podem contribuir para o aumentos dos níveis de depressão. Segundo dados do DATASUS, no Brasil, em 16 anos as mortes em decorrência da depressão aumentaram mais de 700%. Existem vários fatores para desencadear uma depressão, que é o Transtorno Mental responsável por grande parte dos suicídios cometidos.
Manter laços sociais e afetivos, segundo alguns estudos, favorecem a qualidade de vida e faz as pessoas se sentirem melhores. Ter uma rede de apoio também é muito importante para lidar com esse momento difícil da vida. Ter profissionais que acompanham é imprescindível para um tratamento eficaz e para vencer esses pensamentos.
É muito importante ficar atento aos sinais. Geralmente, quem cometeu suicídio deu sinais antes de tomar essa atitude. Essas pessoas podem falar que querem cometer suicídio, podem dizer que não querem mais viver, que seria melhor se morressem… etc. E não pense que quem fala isso não tomará essa atitude. Ao se ter indícios sobre a possibilidade de uma pessoa cometer suicídio, não se deve relegar essa probabilidade e sim deve-se tentar investigar um pouco mais sobre isso.

About the Author Matheus Coelho

Psicólogo com MBA Gestão de Pessoas e experiência em RH. Mais de 7 anos de experiência em Psicologia Clínica. Atuou como Professor Universitário.

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