O lado oculto dos crimes passionais

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Depois de um final de semana incrível, acordei neste domingo com o barulho das sirenes. Não consegui identificar se era polícia ou bombeiros, continuei a dormir quando o helicóptero pousou aqui perto, perto de casa, logo todos se perguntaram o que havia ocorrido





Me senti morta, quando soube que mais uma mulher teve seus sonhos ceifados, vítima do ex companheiro, eu chorei, apesar de não a conhecer, homicídio passional, que consiste em ceifar a vida de alguém, a qual se está vinculado por uma relação afetiva que pode ser sexual ou não, embasado no sentimento da paixão

Em 2015, a cada dia, 10 mulheres morreram vítimas de crimes passionais, e o fundamento estatístico é alarmante visto o ponto de desenvolvimento no qual nos encontramos. Dia 08 de março foi o dia internacional da mulher, mera hipocrisia pois a história se mostra sombria quanto a o papel social desempenhado pelas mulheres.





Culturalmente foi disseminado por gerações que o homem era o dono da casa, os problemas a serem resolvidos, a mulher cabia a última palavra, não como ser ativo, mas sim submisso, devido a isso o número de divórcios era muito menor, a discriminação por ser mãe solteira a fazia continuar em relacionamentos doentios e sempre que algo acontecia era a provocadora da situação e infelizmente muitos continuam a disseminar tais pensamentos: se foi estuprada, a culpa foi dela, afinal quem mandou usar aquele shortinho, se foi agredida foi por terminar um relacionamento que lhe fazia mal, a culpa é sempre da mulher.

Mas o que leva a matar por paixão?

Pesquisas demonstram que os homens matam mais por serem mais violentos. Mas os motivos também estão no papel que cada um dos sexos desenvolveu ao longo da História. Um ciclo de submissão que se rompeu há menos de um século ainda faz com que muitos homens subjuguem as mulheres. Reforçados pelo sentimento de posse, matam por vingança, pelo término de um relacionamento, medo de serem abandonados e traídos, demonstrando grande imaturidade emocional, não aceitam frustrações e tem um histórico de violência contra a mulher que se repete graças a impunidade.

Qualquer pessoa pode se tornar um homicida passional?





Geralmente os homicidas passionais apresentam tendências psicopatas, que consistem em:
Egocentrismo, tudo deve funcionar como desejam e para satisfazer os seus desejos, ciúme excessivo, a mania de perseguição, a desconfiança de tudo e todos. Os homicidas passionais sabem o que estão fazendo, há casos premeditados, onde o autor prepara o cenário do crime, ou casos, em que o autor é pego de surpresa com a traição ou o fim do relacionamento, e nesse mesmo momento acaba cometendo o crime passional.

Ana Beatriz Barbosa, autora do livro “O psicopata mora ao lado” menciona que a psicopatia transtorno de personalidade, antes de ser uma doença, é uma forma de ser e de raciocinar e por isso não tem cura. O psicopata busca sempre o prazer, e no caso dos homicidas passionais, esse prazer está no poder de subjugar o outro. A maioria dos psicopatas entra na vida das pessoas como companheiros e dispostos a ajudar, de modo a tornarem-se indispensáveis para o outro, desta forma tramam sua teia de confiança para depois atacar.

É importante que as ameaças sejam levadas a sério, e que a qualquer sinal de agressão física ou verbal haja uma tomada de atitude, inicialmente um distanciamento do agressor. Em muitos casos as mulheres permanecem com esses companheiros devido a dependência emocional e financeira, por preocupação com os filhos. Mas tenham em mente que um relacionamento infeliz pode causar traumas enormes para os filhos, como quando presenciam a violência e sim você pode se libertar desse ciclo infeliz que vives através da denúncia que pode ser feita em qualquer delegacia com registro de boletim de ocorrência (B.O) ou pela Central de Atendimento à Mulher (Disque 180) de forma anônima e gratuita, disponível 24 horas por dia.

Depois da denúncia o que acontece com o agressor? Ao registrar B.O em uma delegacia a mulher pode entrar com uma medida protetiva sob a Lei Maria da Penha que obriga o agressor a manter-se longe. Caso o agressor viole essa medida um novo Boletim de Ocorrência deve ser feito podendo resultar na prisão dele.

Peço que você não seja cúmplice de casos de violência contra a mulher, denuncie, proteja as mulheres da sua vida: mães, tias, primas, irmãs, amigas. É preciso que elas se fortaleçam e se empoderem dos direitos cabíveis a todo ser humano, o direito à liberdade para que nenhuma vida seja ceifada, e em memória de todas que já se foram, a luta continua. E em memória de todas elas, não se cale!!!

About the Author Patricia Janaina Hornburg

Psicóloga de formação e professora por vocação, taurina, um tanto teimosa, escreve para aliviar a alma das dores do mundo. Extremamente encantada pelo mundo e pelas pessoas. Têm aprendido muito com as crianças e acredita que o essencial é invisível aos olhos. www.patriciahornburg.com.br https://www.facebook.com/Patrícia-Hornburg-728427063953961

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