Seu filho pode se tornar um psicopata?

Esta desordem tem suas origens em uma infância conturbada. Embora as definições variem, especialistas concordam que não existem crianças psicopatas. De acordo com o DSM, essa classificação é inexistente. “Principalmente quando se trata de crianças o termo “psicopata” não deve ser utilizado”, diz o psiquiatra Dr. Jeffrey Borenstein, presidente do CEO & Behavior Research Foundation, de Nova York. Borestein é especialista em saúde mental e diz que na maioria dos casos de suspeita de psicopatia  o problema está relacionado a um transtorno de conduta.

Isso acontece quando a criança não segue as normas sociais de forma saudável para a sua idade.  “Uma criança que tem um diagnóstico de transtorno de conduta pode demonstrar: agressividade, ser provocativa, ameaçadora,  intimidadora e se engajar com frequência em lutas físicas”, diz ele. “Pode ser cruel com  pessoas e animais, roubar e destruir propriedades”. Essas são as condutas mais comuns e devem servir  de alerta aos pais.

Se nada for feito, essas crianças com transtorno de conduta podem enfrentar grandes problemas na escola, praticar  infrações criminais e colocar outras pessoas em perigo.  Geralmente são insensíveis, antipáticas e correm risco de desenvolver psicopatia no futuro. As definições de psicopatia variam, alguns especialistas preferem evitar o uso do termo, pois uma personalidade anti-social nem sempre está relacionada com comportamentos semelhantes ao de crianças com transtorno de conduta, pelo contrário, a maioria dos psicopatas são charmosos, possuem uma boa lábia, facilidade em mentir e grande capacidade de manipulação.

Uma pesquisa constatou que há diferenças nas estruturas cerebrais e nas áreas de ativação de adultos  com transtorno de personalidade anti-social e psicopatia, e aqueles que só possuem uma personalidade anti-social. Um estudo realizado em 2012 e descrita pela revista Archives of General Psychiatry descobriu que uma redução da massa cinzenta nas áreas do cérebro responsáveis pelo processamento da empatia, raciocínio moral e processamento das emoções pró-sociais, como a culpa e o constrangimento, pode contribuir para  anormalidades profundas na vida social, um comportamento observado na psicopatia. Pesquisas mais recentes encontraram diferenças nos cérebros de meninos com transtorno de conduta. Eles apresentavam uma maior insensibilidade do que os outros garotos.

É importante ter uma compreensão da criação dessas crianças antes de fazer um diagnóstico preciso. Uma criança que foi constantemente abusada em casa apresentará maiores chances de ter tendências psicopatas na vida adulta.  São várias etapas que levam à formação de uma personalidade psicopata, por isso é importante que as crianças com transtornos de conduta sejam tratadas desde a identificação do transtorno, isso evitará que ela se torne um risco tanto para a sociedade quanto para si mesma.

Na maioria dos casos a criança está passando por problemas em casa e vive causando problemas na escola. Elas são diagnosticadas com transtorno desafiador, apresentam um temperamento impassível e se irritam facilmente.  Costumam discutir bastante e desafiar figuras de autoridade, como por exemplo, os pais e os professores. Se recusam a atender as ordens, cumprir com suas tarefas e, geralmente, culpam os outros por suas ações.

“Se não forem tratadas adequadamente, algumas dessas crianças podem desenvolver um transtorno de conduta muito mais grave. Resolver os problemas em casa pode ajudar no tratamento da criança.  Os pesquisadores descobriram  que a maioria das crianças com o transtorno desafiador mantinham  um vínculo muito fraco com os pais” Disse Blackburn. “Chega um ponto em que os pais não suportam mais o comportamento do filho, e a relação passa a se tornar hostil com a criança, uma relação humilhante, o que só agrava o comportamento desafiador”. 

Além da terapia, Blackburn diz que aulas de paternidade podem ser úteis. “Basicamente, se os pais se tornarem tão disciplinados quanto querem que o filho seja, a criança perceberá essa mudança, o que fará com que ela também mude de comportamento”.

As crianças com transtorno de conduta e adultos que apresentam tendências psicopatas tendem a não responderem à punição da mesma forma que os outros – incluindo a forma como processam as informações e traduzem em comportamento. Isso faz com que o tratamento seja mais difícil de ser feito conforme a idade da criança avança, pois esses padrões de comportamento se tornam cada vez mais naturais para ela e, consequentemente, mais difíceis de serem modificados.

Felizmente a psicopatia é rara, estima-se que apenas cerca de 1% da população possua esse transtorno. E embora os dados sejam limitados, esse transtorno afeta muito mais homens do que mulheres.

Para os pais que têm preocupações sobre seus filhos, psicoterapia e conversa ajudam a criança a se expressar e controlar a raiva corretamente. Existe também a terapia familiar que tem grande eficiência  nesses casos. O autor enfatiza que a criança pode estar lidando com vários problemas psicológicos ao mesmo tempo e que é necessário que cada um deles seja tratado para que ela tenha uma recuperação completa. Os pesquisadores e clínicos continuam  trabalhando para melhorar o tratamento, eles afirmam que ter uma infância perturbada não deve atrapalhar a sua vida para sempre. Devemos ter cuidado ao diagnosticar uma criança com transtorno de conduta, assim ela receberá o tratamento adequado para que possa superar a sua condição. A intervenção precoce pode ter um tremendo impacto na vida da criança, por isso é tão  importante ter um acompanhamento psicológico.

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