Hipocondria e Doenças Psicossomáticas: Um problema imaginário que na verdade é muito real

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Hipocondria e Doenças Psicossomáticas: Um problema imaginário que na verdade é muito real. Todo mundo já se questionou pelo menos uma vez na vida se alguma dor ou sinal que apresentava poderia ser algo mais grave. Felizmente, para a maioria de nós, essa é uma preocupação passageira que é rapidamente esquecida assim que o sintoma desaparece. No entanto, para os hipocondríacos essa sensação nunca vai embora, nesse caso a pessoa apresenta um problema psicossomático que acontece quando ela  acredita estar doente.

Mel foi recentemente diagnosticada com hipocondria: “Eu já cheguei a acreditar que tinha câncer em praticamente todas as partes do meu corpo: câncer de pele, câncer de mama, câncer ósseo, linfoma, leucemia. Às vezes também me preocupo com outras condições como Esclerose múltipla, meningite, septicemia… Mas o câncer é a minha maior preocupação”. Mel é atormentada pela preocupação obsessiva de que há algo errado com o seu corpo desde os 5 anos de idade. “Eu literalmente verificava os sintomas por horas e horas, apertava e cutucava a mesma parte do meu corpo para ver se havia alguma alteração ou se sentia algo diferente”, disse ela. Mel, assim como muitas outras pessoas com problemas psicopatológicos, sente-se constrangida pela sua condição. “A hipocondria ainda é vista como um estigma. A maioria das pessoas não nos entendem, acham que estamos apenas desperdiçando o nosso tempo com bobagens”.

De acordo com a neurologista Suzanne O’Sullivan: “Os hipocondríacos se tornam mais incapacitados pela ansiedade do que por qualquer outro sintoma que possam apresentar, o sintoma em si pode ser pequeno, tal como uma falta de ar ou uma dor de cabeça. A doença psicossomática é um distúrbio no qual a pessoa apresenta um problema psicológico que não pode ser constatado através de exames médicos ou físicos”.

Sintomas psicossomáticos em suas formas menos graves são extremamente comuns e a maioria de nós será afetado por eles em algum momento de nossas vidas. Geralmente acontecem de maneira transitória e leve. Felizmente, as formas mais graves, como a paralisia e as convulsões, são bem menos comuns, no entanto,  quando acontecem são devastadoras.  O interesse de Suzanne por doenças psicossomáticas surgiu pelo grande número de pacientes que ela atendeu e que apresentavam sintomas neurobiológicos como convulsões, dores de cabeça e dormência, sem nenhuma explicação médica.

O corpo manifesta fisicamente o que está acontecendo a nível psicológico. Suzanne afirma que “Os sintomas psicossomáticos moderados, tais como palpitações cardíacas ou movimentos intestinais, podem ser explicados como reações físicas decorridas de uma causa emocional, mas muitos dos sintomas físicos mais graves são mais difíceis de explicar. Nós realmente não sabemos o que está acontecendo no cérebro da pessoa para que o seu corpo reproduza os sintomas mais extremos de doenças que ela não possui, e isso é angustiante para a maioria dos pacientes.

Cerca de um terço dos pacientes que procuram um médico apresenta sintomas de doenças fisicamente inexplicáveis. Suzanne diz que “É estranho que durante a formação médica não haja uma ênfase maior sobre esse tema tão recorrente”. É muito difícil compreender o quão sério é a condição psicológica desses pacientes bem como saber o quanto estão sofrendo. Embora a condição ocorra geralmente devido a algum problema psicológico, as doenças psicossomáticas se manifestam de forma inconsciente, por isso a maioria dos pacientes ficam confusos e desesperados por uma explicação do que está acontecendo com eles.

Suzanne diz ainda que “É um diagnóstico muito difícil para as pessoas aceitarem e isso é completamente compreensível, pois quando se desenvolve uma cegueira ou paralisia, é natural que se procure um neurologista e a expectativa, obviamente, é a de que o médico o diagnostique com uma doença cerebral. No entanto, quando você é informado de que o seu cérebro está funcionando perfeitamente e que o seu problema é de ordem psicológica, é impossível não entrar em choque”.

Algumas pessoas desenvolvem doenças psicossomáticas devido a um trauma, já outras devido ao modo como percebem o próprio corpo, dessa forma é necessário que o tratamento seja individualizado.

Suzanne acredita que é necessário uma ampla mudança de perspectiva, assim haverá uma maior compreensão do que são as doenças psicossomáticas, dessa forma será criado um tratamento mais apropriado. “Aprendi através do meu trabalho que as pessoas com doenças psicossomáticas chegam a sofrer até mais do que as pessoas com doenças físicas,  é tão real quanto o sintoma de uma doença, por isso é tão difícil de ser tratado”.

De acordo com ela, é necessário que os profissionais da saúde parem de tratar a mente e o cérebro como duas entidades separadas. É preciso que os médicos se conscientizem mais desse problema psicológico.  As doenças psicossomáticas são graves e precisam tanto da nossa atenção quanto as doenças físicas.

Fonte: ABC traduzido e adaptado por Psiconlinews

 

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