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Relato pessoal: 3 dicas de como se recuperar após uma tentativa de suicídio

Por um lado, existem muitos relatos de pessoas que estão em estágio grave de Depressão e sintomas que variam desde o cansaço extremo à vontade de cometer suicídio. Por outro lado, há aqueles que afirmam terem tentado tirar a própria vida, pelo menos uma vez, em algum momento grave da doença.

 

Em prol desses sobreviventes, o artigo em questão irá abordar o tema de forma direta, bem como irá expor alguns métodos positivos para a recuperação de uma tentativa suicida frustrada. Mas antes, é importante compreender o que acontece com um indivíduo que age dessa forma, o que ele sente e, desse modo, ajudá-lo a se reerguer e evitar que novas tentativas surjam no futuro.

E para que isso ocorra de forma eficiente, o texto será um relato pessoal de uma sobrevivente de suicídio, que irá descrever tudo o que passou durante seu processo de recuperação. Espero que de alguma forma possa ajudá-los a se recuperar ou até mesmo a evitar cometer qualquer atitude que não deveria ser tomada em nenhum momento de sua vida. Tenha uma boa leitura!!

Como se recuperar de uma tentativa de suicídio?

 

O que nem todo mundo sabe é que a recuperação de uma tentativa suicida não é nada fácil e exige muita paciência. Sentimentos como o medo e a insegurança surgem fortemente e ficam instaladas no indivíduo, impedindo-o de seguir a vida de forma adequada. Após uma tentativa de suicídio, passei meses sem conseguir fazer nada sozinha, com medo de mim mesma. A sorte de sobreviver a isso mostrou-me o tamanho da força existia em mim, e que até então era desconhecida.

Após uma tentativa suicida, a probabilidade do indivíduo tentar novamente aumenta. Para aqueles que acham que após esse feito, o indivíduo desiste de tentar, está muito enganado. Por mais que seja um tanto traumática, a experiência quebra qualquer barreira de “falta de coragem”, que antes poderia existir, e a cada tentativa de tirar a própria vida, o indivíduo tende a agir de forma mais eficaz na próxima tentativa. É por isso que o acompanhamento deve ser feito com muita seriedade, e não se deve abrir mão de tratamento psicológico e psiquiátrico.

Nos primeiros meses os remédios são indispensáveis. No meu caso, tive que tomar remédios que cortavam os pensamentos suicidas, uma vez que, mesmo após dias internada na UTI, ainda sentia vontade de tirar minha vida. Nos primeiros dias em casa, depois que cheguei do hospital, não conseguia fazer nada, dormia o dia todo e tinham que me despertar para que eu me alimentasse. Com o passar de quase um mês “vegetando” na cama, comecei a ter mais vontade de ficar acordada e, para não me distrair com pensamentos negativos, passava o dia todo jogando no computador. Eram jogos simples, mas que me distraiam completamente, e embora não fizessem nada além disso, faziam me sentir melhor. Vale ressaltar que toda semana, uma vez, para ser mais precisa, eu ia com minha mãe fazer consulta com a psicóloga, fator esse que foi crucial para minha melhora.

 

Ao longo do tempo fui me sentindo incomodada pelos efeitos dos remédios, que incluíam inquietude, excesso de sono e deixavam minha mente ”fora de órbita”. Conversei com os médicos e eles decidiram diminuir os miligramas dos medicamentos, foi quando comecei a me sentir realmente boa e comecei a fazer coisas que até então não conseguia.

Exercícios físicos e um cardápio nutricional voltado para o tratamento da Depressão começaram a fazer parte da minha vida. Nesse período comecei a escrever sobre meu problema para pessoas na internet e voltei para a Universidade, que faltava apenas o TCC para me formar.

Claro que nada foi fácil. Por morar numa cidade pequena, tive que lidar com fofocas maldosas e ainda encarar de cabeça erguida cada pessoa que não sabia nem um por cento do que eu já tinha passado na vida para ter cometido um erro tão grande. Mas minha fé em Deus me deu forças para enfrentar todos os obstáculos que surgiram.

Perdi o contato com algumas amizades e poderia até dizer que me sentia sozinha. Porém, o foco na minha recuperação era tão grande, que nada foi capaz de me colocar pra baixo. Eu lutei como ninguém no mundo poderia ter lutado por mim. Fiz mudanças simples que provocaram outras mudanças, muito melhores, e sim, para quem inicialmente apresentava pânico ao andar sozinha ou fazer qualquer coisa, eu consegui terminar, apresentar o TCC e me formar na Universidade, com nota máxima.

Após alguns meses iniciei a psicoterapia com uma psicóloga especialista. Esse tratamento é fundamental para a ressignificação dos acontecimentos traumáticos na vida de uma pessoa, e me ajudou a enxergar a vida de outra forma. E foi com certeza uma das melhores coisas que aconteceu durante todo esse processo de recuperação. Atualmente, não tomo remédios e estou a dois anos sem apresentar crises de Depressão. E é baseando na minha história de superação que venho por meio desse relato dar 3 dicas importantes para aqueles que desejam se recuperar, assim como eu:

1. Faça acompanhamento com Psicólogo e Psiquiatra: Você precisa de ajuda profissional e de medicamentos. O suicídio é o auge da doença e se você sobreviveu à tentativa, não pode fugir do acompanhamento rigoroso com psicólogos e psiquiatras, visto que você pode repetir o ato futuramente.
2. Respeite o tempo de sua recuperação: Não apresse seu processo de melhora. Talvez no começo você só queira dormir, e depois vai surgindo a vontade de fazer outras poucas coisas. Gradativamente você começa a levar uma vida normal. Não se cobre tanto e respeite o tempo de cada processo.
3. Insira Exercícios físicos na sua rotina: Quando você apresentar uma melhora mais significativa, escolha uma atividade física e exercite-se. Essa dica é fundamental e eu aconselho uma caminhada perto de casa, com alguém que você confie ou sozinho mesmo. O importante é você ajudar o seu cérebro a elevar a produção de serotonina (hormônio da felicidade), e a atividade física é insubstituível.

Enfim, espero que tenham apreciado este relato e aproveitem cada dica exposta. Com luta árdua, podemos alcançar tudo aquilo que desejamos e a Depressão pode sim ser tratada e superada. Só peço uma coisa a você leitor: Não desista nunca!

About the Author Carolina Santos

Sou formada em Administração pela UFPE e apaixonada por Psicologia. Lido com a Depressão desde sete anos de idade. Sou apaixonada por leitura e escrita. E meu maior sonho é poder ajudar as pessoas através das minhas experiências de vida. Participem do meu grupo no Facebook: https://www.facebook.com/groups/1969510996617235/ Lá eu interajo mais com vocês sobre a Depressão Abraço :*

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