A importância da família de origem para a psicopatia de Charles Manson

Nascido como Charles Maddox, o homem que conhecemos agora como Charles Manson foi um filho indesejado.

 

Charles Manson nasceu em 12 de novembro de 1934 em Cincinnati, Ohio, filho de uma alcoólatra promíscua de dezesseis anos que não tinha consideração alguma por seu filho, a mãe de Charles Manson, Kathleen Maddox, não estava preparada para a maternidade, e não se esforçou nem um pouco para cumprir sua nova responsabilidade como mãe solteira.

Kathleen Maddox casou-se com William Manson e deu a Charles seu nome naquele momento. Charles Manson conta uma história de sua mãe trocando-o por cerveja: “Minha mãe estava em uma cafeteria numa tarde comigo no colo. A garçonete, uma mãe desejável e sem filhos, brincou com a minha mãe dizendo que me compraria. Mamãe respondeu: “Uma garrafa de cerveja e ele é seu”. Ela trouxe a cerveja… Vários dias depois, meu tio teve que procurar a cidade em que a garçonete morava e me levar de volta para casa”.

 

Em 1940, Kathleen foi presa. Charles Manson morou com vários parentes diferentes enquanto sua mãe estava na prisão, incluindo uma avó fanática religiosa, um tio que cometeu suicídio enquanto cuidava de Charles Manson para protestar contra as autoridades que levaram sua terra e outro tio que parecia ser extremamente homofóbico. Este tio dizia que Manson era muito afeminado, então para puni-lo ele mandou que fosse para a escola usando um vestido. Manson disse: “Minha avó dizia que ele não me agredia. Mas o meu tio me agredia com babaquices e não com surras. Ele colocou um vestido vermelho em mim e disse: se você vai ser uma menina, então vista-se como uma menina. Eu me lembro de lutar, lutar e lutar. Reconheço que preciso tirar este vestido vermelho”(Purple Slinky, 2009).

Quando sua mãe foi libertada da prisão, ela e Manson se reuniram brevemente. Manson relatou que o único momento de alegria em sua infância foi o abraço de sua mãe depois de sair da prisão (Purple Slinky, 2009). Esta reunião alegre, no entanto, foi de curta duração, já que o namorado de Kathleen não queria filhos. Kathleen priorizou seu namorado sobre Manson, e tentou colocar Manson para adoção, mas foi rejeitado. Sentindo-se indesejado pela sua mãe, Manson desenvolveu uma personalidade antissocial e iniciou sua vida no crime.

Manson começou a roubar regularmente e foi enviado para um reformatório em Indiana. “Alguns acreditam que sua atração instantânea pelo roubo decorreu de sua necessidade de ter algo próprio, permitindo que ele criasse uma identidade”, Montaldo (nd). Manson escapou do reformatório de Indiana e foi enviado para outro, apenas para escapar de novo. Manson passou os anos de sua adolescência na solidão, em casas de parentes ou fugindo de reformatórios.

Quando não estava no reformatório, Manson morava sozinho, usufruindo os lucros dos assaltos à mão armada e dirigindo carros roubados. Aos dezessete anos ele ainda era analfabeto. Manson continuou sua vida no crime até ser pego e enviado para a prisão de Indiana, onde afirmou ter sido estuprado repetidamente.

 

Manson casou-se duas vezes, mas ambas as esposas o deixaram. Teve pelo menos dois filhos, mas não cultivou relacionamento com nenhum deles. Manson foi rejeitado e voltou a ficar na solidão.

Manson foi rejeitado por todos que acreditava poder confiar. Sua mãe não o queria, sua avó e seus tios não o entenderam e amaram, e suas duas esposas o deixaram. Manson cresceu não apenas sentindo, mas com a certeza de que era indesejável e não-amado. Toda vez que achou que teria alguma estabilidade na vida, foi arrancado brutalmente dela. Além de desenvolver uma personalidade psicopata, Manson também esquizofrenizou,

A impossibilidade de ser o que se é e o desejo de ser outro são a base de um processo de esquizofrenização. A biografia de Manson deixa claro sua impossibilidade de ser um ”filho”, de ser um ”sobrinho”, de ser um ”neto”, enfim, de ser alguém dentro da sua família de origem. Mais tarde Charles Manson criou sua própria ”família”, uma comunidade que ele formou na Califórnia no final da década de 1960. Manson acreditava em uma iminente guerra apocalíptica, que ele chamou de “Helter Skelter”, mesmo nome da música dos Beatles. Manson concebeu uma série de assassinatos a serem executados por seus seguidores para facilitar a guerra racial.

Seu grupo matou a atriz Sharon Tate, que estava grávida de oito meses era casada com o diretor de cinema Roman Polanski, e foi esfaqueada várias vezes, mesmo depois de implorar para que poupassem a vida de seu feto.

Charles Manson criou sua própria “família” porque nunca teve uma. Assim como manipulou outras pessoas para acreditar em qualquer coisa que ele lhes contasse. A única maneira de conseguir isso era manipulando sua “família” a acreditar que ele era o próprio Jesus Cristo, e ele, inviabilizado de ser, também acreditava nisso. O esquizofrênico é sempre ”outro”, nunca ele mesmo, porque apesar de seu corpo estar saudável, seu EU está morto.

 

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