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O Estudo Monstro: O Experimento que Mudou um Grupo de Órfãos para Sempre

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O chamado Estudo Monstro sobre a gagueira infantil é caracterizado por 3 fatos marcantes. Primeiro, ela teve padrões éticos extremamente instáveis (praticamente inexistentes). Segundo, os resultados nunca foram publicados por medo da pesquisa ser comparada com as experiências nazistas. Finalmente, no contexto histórico, suas conclusões foram dramáticas.

Desafiando as teorias da gagueira

Dr. Wendell Johnson, um fonoaudiólogo, queria mostrar que as teorias vigentes sobre as causas da gagueira estavam erradas. Durante os anos 1930, pensava-se que a gagueira tinha uma causa orgânica ou genética. Isto significava que você nascia gago (ou não) e nada poderia ser feito para mudar.


Dr Johnson tinha ideias diferentes. Em vez disso, ele acreditava que a rotulagem das crianças como gagas era o que realmente agravava o quadro e, em alguns casos, fazia com que crianças ‘normais’ desenvolvessem a gagueira. Para provar seu ponto de vista, ele sugeriu um experimento que desde então se tornou conhecido como o Estudo Monstro.

O poder do rótulo

Vinte e dois jovens órfãos foram recrutados para participar do experimento. Eles foram, em seguida, divididos em dois grupos. O primeiro foi rotulado de ´´falantes normais´´ e o segundo de ´´gagos´’. De fato, apenas metade do grupo rotulado como ´´gago´´ chegou a apresentar sinais de gagueira.
Durante o decurso da experiência, o grupo de ´´falantes normais´´ recebeu reforços positivos, mas foi o tratamento dado ao outro grupo que fez com que o experimento ficasse notório. O grupo rotulado  como ´´gago´´ foi estimulado a acreditar que era gago. Eles foram instruídos sobre a gagueira e eram alertados para tomarem cuidado extra para não repetir as palavras. Outros professores e funcionários do orfanato foram recrutados para reforçar o rótulo.
Uma das etapas da terapia negativa sobre o grupo ´´gago´´ consistia em pedir para a criança ler um trecho de um livro, depois de um estímulo do pesquisador:
“Respire antes de dizer a palavra se você  achar que vai gaguejar nela. Pare e comece de novo se você gaguejar. Coloque a língua no céu da boca. Não fale a menos que você possa falar corretamente. Preste atenção no seu discurso o tempo todo. Faça qualquer coisa para evitar a gagueira”.
Estas sugestões afetavam profundamente as crianças. Elas ficavam tão conscientes de sua fala que na sessão seguinte já estavam repetindo as palavras.

Os resultados dramáticos

Das seis crianças “normais” no grupo dos ´´gagos´´, cinco começaram a gaguejar depois da terapia negativa. Das cinco crianças que já gaguejavam antes da “terapia”, três pioraram. Em comparação, apenas uma das crianças no grupo denominado ‘normal’ desenvolveu maiores problemas de fala após o estudo.
Os pesquisadores, percebendo o poder do seu experimento, tentaram desfazer o estrago que tinham feito, mas sem sucesso. Parecia que os efeitos da marcação no grupo de crianças ´´gago´´ era permanente. Isso foi algo que os órfãos rotulados como gagos tiveram que lidar para o resto de suas vidas.


60 anos depois da pesquisa, um dos pesquisadores, Mary Tudor, recebeu uma caixa vinda de Iowa com o remetente ´´Mary Korlaske Nixon, No. 15 Grupo experimental´´, endereçada para ´´Mary Tudor O Monstro´´. Dentro havia uma carta de 3 páginas, a escrita era confusa e, às vezes, incoerente. Havia muitos erros de ortografia. Mas a mensagem era clara.

“Você destruiu minha vida ”, diz a carta. “Eu poderia ter sido uma cientista, uma arqueologista, ou até mesmo presidente. Em vez disso me tornei uma gaga desprezível. As crianças zombavam de mim, minhas notas caíram, eu me sentia estúpida. Mesmo depois de adulta, eu ainda evito as pessoas.”

Os resultados apoiaram a teoria do Dr. Johnson e contribuíram para novos e bem sucedidos métodos de tratar as pessoas com gagueira. Em 2001, 36 anos após a morte de Johnson, a Universidade de Iowa emitiu um pedido formal de desculpas, chamando a experiência de lamentável e indefensável.
Fonte: PsychStanford traduzido e adaptado por Psiconlinews

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