Transtorno de Personalidade Borderline

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O Transtorno de Personalidade Borderline se manifesta no início da idade adulta com um padrão global de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, da auto-imagem e dos afetos e acentuada impulsividade. Geralmente as pessoas que sofrem de tal condição oscilam entre o humor normal e a depressão moderada.





Os critérios para o diagnóstico do Transtorno de Personalidade Borderline, de acordo com o DSM IV, incluem esforços frenéticos no sentido de evitar um abandono real ou imaginário, pois esses pacientes entram com frequência em certezas de estarem sendo abandonados, negligenciados e rejeitados pelas pessoas significativas de sua vida de relações.

Há também um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, onde há uma alternância entre extremos de idealização e desvalorização. Isto significa que estas pessoas podem amar e odiar a mesma pessoa de maneira intensa em situações diferentes num mesmo dia, ou numa mesma semana. Quando odeiam geralmente estão movendo-se numa atmosfera hostil, apresentam dificuldade de controlar a raiva e comportamentos sarcásticos e cruéis. Em geral estão convictos de que o outro não o considerou o suficiente, não foi “suficientemente bom,” e manifestam a raiva como resposta a esta rejeição, sentida na relação com o outro, mesmo que o outro se mostre solícito e empático para com ele.

Pode haver uma perturbação na identidade onde ocorrem mudanças frequentes na auto-imagem e nos objetivos de vida. E também impulsividade significativa, em atividades que são prejudiciais para si próprio, como jogos e compras em excesso, abuso de substâncias, e direção imprudente. Geralmente as atividades impulsivas ocorrem numa tentativa de preencher uma sensação de vazio decorrente de dificuldades no estabelecimento de relacionamentos positivos com as pessoas de seu sociológico familiar. Além disso, é comum idéias suicidas e comportamento automutilante, geralmente precipitados por ameaças de separação ou rejeição de pessoas de seu convívio.





Estes pacientes podem ter sentimentos crônicos de vazio e sentirem-se entediados, algumas vezes após episódios em que não conseguiram controlar a raiva e acabaram prejudicando o seu convívio diário com pessoas importantes de sua vida de relações. Posteriormente sentem-se culpados e envergonhados por agirem de modo impulsivo e desequilibrado.

Geralmente estas pessoas constituíram a personalidade numa atmosfera hostil de negligência e rejeição. Possuem dificuldade de relacionamento amoroso com seu parceiro e reproduzem a atmosfera hostil nas suas atitudes cotidianas.

“Constituindo o modelo de relação agressiva aquele com o qual cresceu e com o qual se sente mais familiarizado, porque pouco amado desde sempre por quem mais importava sê-lo, conduz o border­line a distanciar-se do ciclo relacional amoroso. (…) Deste modo, […] assiste-se no borderline a um predomínio da agressividade sobre o amor e a uma dominância das forças destrutivas sobre o poder construtivo e criativo.” (MARANGA, A.R. Organizações Borderline: Aspectos Psicodinâmicos. Análise Psicológica, v.2. Lisboa, 2002)

Em tratamento psicológico estes pacientes irão ganhar condição de modificar sua dinâmica de relacionamentos com outras pessoas, e de possuir mais autonomia e equilíbrio diante das dificuldades da vida. É preciso que estas pessoas consigam estabelecer relacionamentos saudáveis e positivos com as pessoas que admiram, para que em vez de sentimentos de vazio consigam vivenciar episódios positivos frequentes, respeitando as escolhas e as diferenças das outras pessoas. Desenvolver a capacidade de empatia nesses pacientes é primordial para que consigam se articular de forma saudável com o seu grupo. O tratamento medicamentoso também é fundamental para o sucesso do tratamento, bem como o envolvimento do paciente em atividades construtivas em que experimentem prazer e aceitação.

About the Author Priscilla Tietbohl

Psicóloga, Santa Catarina, Brasil

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