Quem já não se sentiu perdido frente aos mais variados tipos de pedidos feitos pelas crianças quanto ao acesso às novas tecnologias : – Pai, me empresta o celular; – Mãe, compra um celular pra mim, todo mundo tem um!; – Mãe quero jogar no computador; – Pai, você ainda não comprou meu tablet!? – Vó, deixa eu ver um video no Youtube? Sons estranhos vindos de seu celular (um tal de Pou) e, o mais preocupante: aquele silêncio em casa e no restaurante!
Todos esses pedidos e invasões à sua tranquilidade são sinais de uma nova realidade a qual, rapidamente, pais e responsáveis veem-se inseridos ou, melhor, arrastados. As crianças, além de dominar diversas ferramentas tecnológicas, possuem um poder de persuasão que só quem convive com essa turminha sabe bem. O fato é que, quando menos se espera, já se está pronto para dar o celular de última geração, o tão pedido tablet ou o computador sem se ter tido tempo e condição para refletir sobre o impacto da nova tecnologia na vida das crianças.
Questões como, a idade certa para a criança ganhar um celular, ou a verificação da faixa etária recomendada pelo fabricante do jogo eletrônico e o respeito ou não a tal classificação, parecem impossíveis de serem respondidas num primeiro momento, tendo em vista a velocidade meteórica com que as crianças tem acesso às mídias. Felizmente, muitos pesquisadores e especialistas na área pesquisam o assunto e insistem em frisar que todas essas questões devem ser levadas em consideração na hora de se responder às inúmeras demandas das crianças, pois gerenciar o uso e o acesso às novas tecnologias é o que irá garantir um saudável amadurecimento dos pequenos.
Já se sabe, hoje, que o uso da internet afeta a forma da criança pensar. Nicholas Carr, escritor sobre tecnologia, utiliza uma metáfora bem apropriada para ilustrar a diferença entre o hábito da leitura e o uso da internet: a leitura de livros funciona como um mergulho no mar, a pessoa fica imersa em uma quietude, com a visão restrita, com poucas distrações sendo necessário ter foco e pensar profundamente em um número limitado de informações disponível; já o uso da internet é como um passeio de jet-esqui, onde se navega em alta velocidade, somente na superfície do mar, exposto à vista da praia, com suas inúmeras distrações e onde só se pode focar fugazmente numa coisa.
Mensurar o efeito do uso das novas tecnologias pelas crianças é complicado, pois há tanto benefícios como custos associados. O cérebro dos pequenos ainda está em formação e sua exposição cedo demais ao mundo virtual, assim como a frequência do uso, podem trazer avanços ou retraimentos em certas áreas de desenvolvimento cerebral. Portanto, como diria Jorge Ben Jor, prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém!
Se você se identificou com as situações acima e quer ter respostas a algumas dúvidas sobre o uso das novas tecnologias, aqui vão dez dicas para facilitar sua nobre missão:
Espero que essas dicas tenham lhe ajudado a administrar as novas tecnologias com as crianças e, por que não, tenham lhe ajudado a pensar na forma como você as usa, pois, de que adianta obrigar as crianças a cumprir horários e a respeitar a classificação etária de videos e games se os adultos não saem do mundo virtual? Pois, em matéria de seres humanos, ainda continua valendo a máxima do filósofo Sêneca “É lento ensinar por teorias, mas breve e eficaz fazê-lo pelo exemplo.”
Psicóloga Clínica com formação em Gestalt-terapia de Casal e de Família. Atendo crianças, adolescentes, adultos e casais em Fortaleza.