Diante de uma Rejeição, Não se Rejeite

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Nem todo desamor é mau e nem todo amor é sustentável. 

Walter Riso

De repente acabou

Nunca esperamos que aconteça conosco. Ninguém gosta de pensar na possibilidade de ouvir do outro: já não te amo mais. Por mais que os indícios do fim estejam ali há algum tempo, a mente parece ignorar e inventar desculpas, defesas que impedem o sofrimento.





Você pode até pensar: ele (ela) está tão distante, não me olha como antes, parece fugir de mim… Mas logo se justifica dizendo: isso é coisa da minha cabeça. E assim vai levando. Aqui já encontramos um sinal de que algo não vai bem. Se você percebe seu (a) parceiro (a) distante, por que não pergunta o motivo?

Eu lhe digo por quê. Porque você sabe, no fundo, que ele (a) está indo embora.





Até que um dia, com uma seriedade fora do comum, ele (a) dispara: Preciso conversar com você.  E com uma certeza de quem já havia tomado a decisão há muito tempo, diz que já não lhe ama mais e já não esta feliz.

Ele (a) vai embora. Acabou.

Você chora e aos soluços diz que ele (a) está cometendo um grande erro. Mas ele está firme. Diz que será melhor pra vocês.

E isso é verdade, será melhor. Afinal, não faz sentido estar ao lado de alguém que não nos ama mais. Mas isso não serve de consolo, nesse momento a lógica não serve. Não é apenas uma pessoa indo embora. São sonhos, projetos, fantasias, um status social, os costumes, as certezas, em fim, uma parte de você também se vai. Pelo menos é como você se sente naquele momento. Você não aceita o fim. Começa aí a enxurrada de humilhações e atos de desespero.

Seu mundo caiu

Tudo acontece muito rápido, em minutos você passa por uma montanha russa de emoções.

Depois do impacto inicial vêm as perguntas mais idiotas das quais você se arrependerá alguns meses depois.

-Você ta certo (a) da sua decisão?

-Pensou bem? Não quer pensar melhor?

A fria resposta vem logo em seguida: Não, não preciso mais pensar, já venho pensando há tempos. Estava esperando uma oportunidade para conversarmos.

Então você parte para as frases de manipulação.

– Você não se importa com meu sofrimento?

– E se você se arrepender?

Silêncio.

Você chora novamente.

E chorar é a única coisa que lhe resta nesse momento. E você tem todos os motivos, pois percebeu que o outro realmente está partindo. Não é mais uma briguinha emocional. É o fim.

A pergunta inevitável: por que você não me ama mais?

Uma paciente me disse, em prantos: O que mais me dói, mesmo que pareça absurdo, é que ele não me trocou por outra. Nada externo o impede de ficar comigo, ele apenas não me quer mais. O problema sou eu. A culpa foi minha.”

A partir daí você começa a pensar obsessivamente no que poderia ter feito para evitar o fim. Considero essa fase a mais louca de todas! Ainda não inventaram uma máquina de voltar no tempo e ainda assim você passa horas imaginando o que poderia ter feito.

O mais incrível é que você não encontra apenas uma justificativa, mas várias que poderiam ter evitado que ele te largasse, e é ai que uma nova fase se inicia.

A tentativa da reconquista





Começam as inúmeras ligações e mensagens diárias, você implora de todas as formas por uma última conversa. Dentre outras loucuras na tentativa de voltar, estão incluídas presentes, declarações em público. Visitas inesperadas à casa do ex, etc. Dependendo do perfil de quem terminou a relação, você até consegue que a pessoa aceite te reencontrar para uma conversa. Na verdade será mais um monólogo seu.

Você vai a esse encontro com a ingênua fantasia de que sabe exatamente o que dizer para convencer o outro a mudar de ideia.  Promete coisas que nunca imaginou prometer a ninguém, diz que aprendeu a lição, diz que agora vai valorizar. Você não sabe mais o que diz. Diante do silêncio, ou às vezes do olhar de pena ou impaciência do outro, você percebe que nada vai mudar. Pede que o ele (a) pense, um dia, uma semana… o tempo que for preciso. E vai embora com a esperança quase destruída.

Eu disse, quase!

Quando tudo parece terminado, e as pessoas ao seu redor pensam que você aceitou o fim, você ressurge como uma fênix, e se diz disposta (o) a reconquistar.

Você aprendeu desde pequenininha (o), principalmente nos filmes de romance, que é sempre digno e justo lutar pelo amor. Você acredita piamente no ditado que diz: na guerra e no amor vale tudo. Você muda o visual, espera uma semana e aparece como quem não quer nada, imaginando que ele (a) perceberá o que esta perdendo. Ledo engano. Você não causa mais efeitos sobre ele (a). Você está humilhada (o), outra vez. E agora com a auto estima no chão.

Entenda que para lutar por uma relação amorosa é necessário que existam duas pessoas interessadas. Duas pessoas que se amam, ou pelo menos que desejam construir um amor. 

Então o que fazer?

Eu gostaria de ter uma receita prontinha para qualquer pessoa que estivesse passando por isso neste momento, mas não existe tal coisa.

Às vezes eu brinco dizendo que todos os rejeitados amorosos estudaram na mesma Escola de Humilhação Pós Abandono, pois apresentam atitudes muito parecidas diante do fim. Mas a verdade é que cada um age do jeito que age por motivos diferentes. Nossas histórias de vida nos trazem experiências totalmente singulares, então não existe um conselho que sirva para todos.

Algumas pessoas depois de tanto sofrimento, conseguem aprender sozinhas. Outras conseguem mudar através de terapia e ajuda psicológica. Mas infelizmente existem algumas que fazem desse tipo de relação um grande ciclo vicioso. Sabe aquelas pessoas que engatam um relacionamento no outro? Esse é apenas um exemplo das muitas estratégias que às vezes usamos para fugir do autoconhecimento. Porque se conhecer dói, é trabalhoso. Mas ainda é a forma mais segura e autêntica de lidarmos com qualquer situação.

Como citei no início do texto: Nem todo desamor é mau. Por mais que seja doloroso e triste ser rejeitado por quem se ama, um dia ao olhares para trás, serás capaz de agradecer em pensamento àquele que te deixou, pois estarás feliz ao lado de alguém que te ama, ou pelo menos deseja amar-te.

Vamos ajudar outras pessoas! Compartilhe sua experiência ou seu sofrimento e vamos falar sobre isso. Forte abraço.

About the Author Jaqueline Bento

Mulher, psicóloga, apaixonada por pessoas e suas singularidades. Tenho como missão secar lágrimas e arrancar sorrisos. Vou vivendo e aprendendo, aprendendo e escrevendo.

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