Discutir a relação ou criar a relação?

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Uma das coisas mais comuns no atendimento à casais é ouvir as tentativas que eles tem de resolver suas vidas afetivas durante uma briga. Obviamente, quase nunca isso dá certo. Porque não? Bem, as pessoas tendem a guardar as características que não gostam do conjugue e a remoer o rancor e a raiva dentro delas.





Quando ocorre o momento de uma briga ambos os lados estão querendo se defender e atacar o outro. Neste tipo de contexto o resultado é que os pedidos se tornarão críticas, a escuta se tornará irônica e a resposta se tornará desqualificação. Obviamente é de se esperar pouco resultado deste tipo de estratégia para criar uma boa relação. Nossa cultura, no entanto, não sabe maneiras de lidar com a criação de uma boa relação e, por este motivo, insiste neste erro.

A discussão de uma relação deve ocorrer, de preferência, num momento normal da relação. Juras de amor e carinhos são importantes para assegurar um contexto no qual a sensação de amor, de compromisso com a relação e desejo de criar bons laços esteja assegurada. Neste contexto é possível – ou mais provável – que seja possível ter escuta, pedidos e respostas adequadas. Em geral, quando as pessoas conseguem solicitar dentro deste contexto elas trazem sensações como: “me senti adulto” conversando, “senti que fluiu” ou “foi prazeroso falar de temas complicados”. Porque? Porque criaram o contexto certo.

Criar o contexto certo é algo que é uma referência particular minha dentro de uma relação. É um critério meu criar momentos gostosos para falar de coisas sérias ao invés de ter longas e trágicas drs que não dão resultado. Aprendi que isso é importante através da prática clínica, da minha experiência pessoal e da leitura das pesquisas de vários psicólogos que se debruçam sobre o tema dos relacionamentos como John Gottman.





Assim, depois que criei este modelo de discussão, passei, também, a buscar pessoas para me relacionar que estivessem “naturalmente” inclinadas à ter discussões como essas. Foi muito interessante quando me peguei perguntando à pessoas com quem eu queria me relacionar “como você gosta de discutir algo importante?”. Ao fazer isso estava pondo em prática algo fundamental para a criação de bons relacionamentos: elaborar um modelo real e concreto daquilo que desejo, me responsabilizar por me comportar de maneira adequada para atingir isso que desejo e buscar (aí então) por pessoas que já desejem isso da mesma maneira que eu.

Este trecho todo foi para falar sobre como podemos criar relações ao invés de criar fantasias – que, uma vez frustradas, são, em geral, o tema das DRs. Criar uma relação envolve critérios reais e concretos sobre aquilo que desejo e é importante para mim, percepção apurada para perceber a manifestação destes critérios nas pessoas e a responsabilidade de se comportar de maneira congruente com o que se deseja. Discutir a relação é, em geral, a estratégia de quando a coisa está dando errado. Refletir sobre a relação é diferente porque envolve as pessoas na construção que ocorre antes dos problemas porque ela busca a realidade de cada um e não a fantasia.

About the Author Akim Rohula Neto

Akim Rohula Neto é natural de Curitiba onde nasceu e se criou. Descendente de russos e italianos desde cedo percebeu que as diferenças emocionais e na percepção de mundo podem trazer problemas e ser fonte de grande competências e conquistas. Realiza sua graduação em Psicologia na PUC-PR (1999-2003), no mesmo ano termina uma especialização em Psicologia Corporal no Instituto Reichiano (2000-2003) e em PNL (Programação Neurolingüística) com Leonardo Bueno (1999-2003). Mais tarde, sentindo a necessidade de uma compreensão maior sobre os fenômenos familiares busca no INTERCEF (2008-2010) a formação em Psicologia Sistêmica. Desde a graduação em 2004 trabalha com atendimento em psicoterapia para adolescentes e adultos e a partir de 2008 trabalha com casais e famílias. Além disso ministra palestras e workshops que visam o desenvolvimento de competências para desenvolvimento do auto domínio e da inteligência emocional.

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