Suicídio: é possível prevenir?

O suicídio pode e deve ser considerado um grave problema de saúde publica.





O que se estima é que cerca de seis a dez pessoas, no mínimo, são afetadas de maneira direta quando ocorre o suicídio de uma pessoa próxima. Este é um comportamento determinado por uma diversidade de fatores – psicológicos, biológicos, genéticos, culturais, sociais – e por isso não pode ser tratado como um acontecimento isolado na vida de uma pessoa.

Sempre vai existir uma grave fragilidade que precisa ser compreendida, pois, em geral, a decisão de terminar com a vida, independente do ponto de vista ao qual é analisado, é a consequência final de um processo de grande sofrimento. Algumas vezes a pessoa pode não desejar de fato morrer mas sim eliminar a dor insuportável que vem sentindo.





Aqueles que já tentaram suicídio em algum momento de sua vida têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente, sendo esse o fator de risco mais significativo. Também não é possível ignorar que a maior parte dos que tiraram a própria vida tinham um transtorno mental que frequentemente não foi identificado ou mesmo tratado adequadamente. As psicopatologias mais comuns que apontam um fator de risco para o suicídio incluem depressão, transtorno bipolar, transtornos de ansiedade, alcoolismo, abuso de drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia. Por conta disso o diagnóstico correto é também uma forma de prevenir a mortalidade nessas situações. Pesquisas apontam ainda um aumento da necessidade de atenção entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativas.
Falta de esperança no futuro, desespero, desamparo e impulsividade, são as emoções mais comuns que podem se associar ao comportamento suicida. O impulso para cometer suicídio pode ser transitório e desencadeado por eventos do dia a dia – recriminação, fracasso, falência. Quando uma pessoa decide terminar com a sua vida ela é incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou de sair do problema.





Existem inúmeros mitos sobre o comportamento suicida. O primeiro é de que quem ameaça, quer apenas chamar a atenção. Esse é um pensamento inadequado pois a maioria dos suicidas falam ou dão sinais sobre suas idéias de morte. Também existe um certo tabu em relação ao tema, como se verbalizar o desconforto da vida causasse um aumento do risco, porém falar com alguém pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
A prevenção ao suicídio passa pela mesma proposta de qualquer intervenção em saúde mental. É preciso que, não só os profissionais da área da saúde, mas familiares, professores e toda a sociedade, sejam capazes de reconhecer quando um fator de risco esta presente. É possível que facilitando o apoio emocional necessário para reforçar o desejo de viver, a intenção e o risco de suicídio venha a diminuir. Em geral, sentir que existe ligação afetiva com um grupo ou uma comunidade auxiliam a pessoa a lidar com a ideação suicida. Quanto maiores e mais sólidos os vínculos sociais menor a mortalidade por suicídio.
Os fatores que asseguram a integridade psicológica do ser humano, e portanto o protegem de um possível desejo de morte, incluem uma boa autoestima, laços sociais bem estabelecidos com família e amigos, religiosidade, ausência de doença mental, capacidade de adaptação e resolução de problemas além de acesso a serviços e cuidados de saúde física e mental.

About the Author Lilian S. N. Vidal

Especialista em Psicologia Clínica e Terapia Cognitivo Comportamental. Se interessa profundamente pelo ser humano e adora a vida como ela é, apesar dos altos e baixos. Curiosa gosta de aprender coisas novas e de admirar o que já sabe. Não se importa de ser uma metamorfose ambulante se for para sair do casulo e voar.

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