Você é paranóico?

Você já conheceu uma pessoa extremamente desconfiada de tudo e todos? Aquela que sempre acha que estão falando mal dela, tramando contra sua felicidade, tentando prejudicá-la no emprego, na faculdade… À primeira vista você até sente pena dessa pessoa, ela tem uma postura de vítima, de injustiçada e coitada. Porém, basta certo tempo de convivência para sua visão mudar completamente.





Você esta lidando com um paranóico.

Esse tipo de indivíduo não age assim de forma deliberada e proposital, ele simplesmente funciona desta maneira, essa é a dinâmica de sua personalidade. Ele sofre de um transtorno denominado personalidade paranóide.

Características

A característica essencial é uma tendência global e injustificada de interpretar as ações de outras pessoas como depreciativas (estão desfazendo dele) e ameaçadoras (estão conspirando contra ele).
Os indivíduos que sofrem com este transtorno estão sempre esperando serem lesados por alguém. É como se soubessem que a qualquer momento as outras pessoas mostrarão suas garras contra ele. Por causa dessa desconfiança, eles questionam com frequência a lealdade de amigos e sócios.

Nos relacionamentos amorosos a coisa não é diferente. Eles tendem a exibir um ciúme doentio, e sem nenhuma razão duvidam da fidelidade de seus cônjuges ou parceiros sexuais. Tendem a fazer projeção, ou seja, atribuir aos outros os seus próprios impulsos e pensamentos.Outra característica marcante desse tipo de transtorno é a capacidade de guardar rancores por muito tempo. Mostra-se implacável diante da mínima ofensa.





Orgulham-se de serem racionais e objetivos, todavia, esta é apenas uma máscara, eles são extremamente impressionáveis e costumam se deslumbrar com poder e altas posições sociais. Demonstram desdém e desprezo pelos que vêem como fracos ou deficientes de alguma maneira. No contexto social podem passar a impressão (nos primeiros contatos) de serem ativos e eficientes, mas logo estarão protagonizando cenas de conflito com os demais.

Apesar das ideações paranóides estarem presentes também na esquizofrenia do tipo paranóide, o transtorno aqui descrito não pode ser incluído nesta patologia. Diferente da esquizofrenia, aqui não estão presentes as alucinações e nem os delírios fixos do pensamento.

Tem tratamento?

O tratamento mais indicado é a psicoterapia individual. Esses pacientes enfrentam uma grande dificuldade em desenvolver confiança e intimidade com o terapeuta, de modo que este deve ser ainda mais cuidadoso em suas interpretações, pois dependendo da forma como interprete sentimentos como dependência, desejo de intimidade e preocupações sexuais, pode acabar gerando mais desconfiança.

Esses pacientes geralmente não respondem bem a terapia comportamental, pois tendem a enxergá-la como intrusiva a sua personalidade. Quando as primeiras barreiras são vencidas, a terapia em grupo pode ser muito benéfica para o desenvolvimento de habilidades sociais e diminuição das suspeitas infundadas.

Remédio ajuda?





De acordo com o Manual Conciso de Psiquiatria Clínica, a farmacoterapia é uma opção significativa para os casos de agitação e ansiedade. Veja o que diz o manual:

“Em geral, agentes ansiolíticos são suficientes. No entanto, pode ser necessário o uso de antipsicóticos em pequenas doses por breves períodos para manejar a agitação grave e o pensamento quase delirante. A pimozida (Orap) tem reduzido com êxito a ideação paranóide.”

Como vimos, este é um transtorno grave e que causa prejuízos em todas as esferas da vida. Muitos indivíduos passam a vida toda sem sequer desconfiar que seu modo de ser e se relacionar com os outros é conseqüência de um transtorno mental. Como profissional da saúde mental, acredito que a informação para conscientização será sempre o primeiro passo para qualquer tratamento e possibilidade de cura.

A psicoterapia aliada à psiquiatria pode trazer enormes benefícios para o transtorno da personalidade paranóide. Se você se identificou com os sinais e sintomas, procure ajuda profissional. Se você conhece uma pessoa que pareça ter o transtorno, compartilhe com ela este texto. Na maioria dos casos a informação é o que falta para o indivíduo procurar tratamento. Lutemos por uma melhor qualidade de vida, lutemos pela saúde mental.

Forte abraço!

About the Author Jaqueline Bento

Mulher, psicóloga, apaixonada por pessoas e suas singularidades. Tenho como missão secar lágrimas e arrancar sorrisos. Vou vivendo e aprendendo, aprendendo e escrevendo.

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