Antidepressivos: Quebrando o tabu

Em diversos momentos conheci pessoas que se mostraram nitidamente contra o uso de medicamentos antidepressivos. Isso ocorre pelo fato de que o remédio é um tipo de droga, e droga provoca vício.


Absolutamente ninguém quer depender de um medicamento para sentir-se bem. Muitos têm medo de nunca mais conseguirem ser felizes sem uma “droga” como essa. É por esse e outros motivos que essas mesmas pessoas reforçam a ideia de que o medicamento é desnecessário. Acredita-se que é possível obter a melhora por intermédio de outros meios.
O grande problema por traz desses pensamentos precipitados, concentra-se na falta de informação sobre a real função de um remédio antidepressivo. Engana-se quem pensa que a partir do momento em que começar a se medicar obterá melhora imediata. O remédio é um pequeno suporte, enquanto que as atitudes e as mudanças que a pessoa deve fazer no seu estilo de vida, são muito mais importantes do que qualquer remédio em si.
Mas afinal, para que serve o antidepressivo? Vale a pena utilizá-lo no combate a depressão? Ou será que terapias psicológicas bastam?
Primeiramente é importante entendermos sobre um assunto que provavelmente boa parte das pessoas já ouviram falar pelo menos uma vez na vida: A serotonina. A serotonina é um tipo de neurotransmissor. Este último tem a função de mensageiro do nosso cérebro, representando assim um papel fundamental e decisivo na saúde e bem-estar do indivíduo. Em outras palavras, os neurotransmissores são substâncias químicas que possibilitam que os neurônios passem sinais entre si e para outras células do corpo (ARAÚJO, 2013).
Basicamente, a serotonina proporciona alguns benefícios que são extremamente importantes para o ser humano, tais como: ajuda na regulação do sono, no combate a depressão e ansiedade, enxaqueca, humor e entre muitos outros.
No caso da Depressão, engana-se quem acredita que ela surge devido à falta de produção de serotonina no cérebro. Essas falsas crenças surgiram devido a efetividade do antidepressivo nas pessoas que apresentam baixa produção do neurotransmissor. De fato, o indivíduo com depressão tem essa produção totalmente anormal. As quantidades necessárias da serotonina, nesses casos, são insuficientes e acabam contribuindo para o agravamento da doença, visto que o indivíduo já não tem acesso aos benefícios que o neurotransmissor proporciona.


No caso do antidepressivo, sua função não é produzir a serotonina. Ele apenas impede que a quantidade seja ainda mais reduzida. Em outras palavras, o remédio impede que o neurotransmissor seja degradado. Com isso, o indivíduo que se utiliza do antidepressivo, acaba apresentando melhora no humor, na ansiedade, na irritabilidade entre outros aspectos.
A questão é: o antidepressivo não vai te dar felicidade. Ele apenas vai suprir a necessidade existente no seu cérebro, de receber ajuda no processo de produção e manutenção de um neurotransmissor. É possível aumentar a produção de serotonina? Com certeza. Exercícios físicos são bastante importantes nesse contexto, inclusive a alimentação, que deve ser balanceada.
Nem em todos os casos de depressão, necessariamente o indivíduo deva iniciar o tratamento via medicamentos. Nos casos mais graves, torna-se necessário, visto que a falta desse neurotransmissor só ajuda a agravar a doença. Uma vez automedicado, não quer dizer que você nunca mais irá ter uma vida satisfatória se não estiver de mãos dadas com a “droga”. Você precisa entender que, em alguns casos, definitivamente se faz extremamente necessário o apoio do medicamento.


Com a Depressão é a mesma coisa. Haverá crises muito graves. Crises pelas quais um simples exercício físico, ou uma alimentação especial não serão suficientes. E então o psiquiatra entrará em ação, e você precisará do medicamento. Aliás, não é preciso tentar suicídio para entender que é preciso buscar esse tipo de ajuda. A Depressão é constituída por distintos estágios, e o quanto antes tratarmos, podemos impedir que a doença se desenvolva.
O medicamento não é um vilão nessa história. Ele é apenas mais um tipo dos diversos meios de ajuda existentes para tratar o problema. Ele é uma ajuda. Ajuda essa que pode ser um dia dispensada, dependendo do estado do indivíduo. Particularmente, conheço pessoas com Depressão, que chegaram a tomar antidepressivos fortíssimos, mas que atualmente já se encontram há anos sem a utilização do medicamento. É uma questão de como você realmente está com relação a doença. Qual o nível de gravidade? Um dia você pode estar praticamente no fundo poço, prestes a tirar a própria vida. No outro você pode estar com uma crise mais leve, porém ainda sim preocupante. E pode ser que no outro dia você simplesmente esteja bem.
Não tenha medo nem preconceito com relação ao antidepressivo. Hoje você pode estar precisando muito dele. Mas daqui algum tempo, talvez esteja administrando melhor a doença, e diminua as doses do remédio. E pode ser um dia você se abstenha desse método de apoio.
É muito importante compreender o papel do antidepressivo, para desmistificar essa ideia de que uma vez medicado, para sempre medicado. O remédio não nos torna seus reféns. Encare esse método como uma AJUDA a mais disponível para você que sofre com a doença, e não como um vilão. Se o seu médico identificar em você a necessidade de tratar-se com o antidepressivo, não tenha receio, nem medo. O profissional sabe exatamente daquilo que precisamos. E se você precisa dessa ajuda, não dê as costas para ela. Como alguém com Depressão severa, eu digo com toda a certeza: o que vicia nesse caso, não são os remédios, mas os pensamentos negativos. Pensar em tudo que há de ruim é muito mais viciante, e você se torna dependente dessa situação se não buscar ajuda. Não tenha medo. Nem receio. Nem dê ouvido aqueles que te dizem que o remédio é desnecessário. Não brinque com a Depressão. Ela é coisa séria.

About the Author Carolina Santos

Sou formada em Administração pela UFPE e apaixonada por Psicologia. Lido com a Depressão desde sete anos de idade. Sou apaixonada por leitura e escrita. E meu maior sonho é poder ajudar as pessoas através das minhas experiências de vida. Participem do meu grupo no Facebook: https://www.facebook.com/groups/1969510996617235/ Lá eu interajo mais com vocês sobre a Depressão Abraço :*

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