Meu bebê dorme na minha cama! Problemas Psicológicos para quem?

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Criar os filhos é uma das coisas mais difíceis do mundo. Para quem é mãe de primeira viagem, então?! Nem se fala! Mas não estou dizendo sobre o garantir a sobrevivência. Estou falando daquela necessidade que temos de estar sempre certas, de fazer o politicamente correto, de ser aceita e ter nossas atitudes avalizadas pelos outros. Quando se é mãe, essa necessidade é potencializada. Precisamos que todos saibam que somos boas mães…





Não vou aqui escrever sobre as psicopatas que não amam seus filhos, nem sobre as desequilibradas que, por motivo de doença, ignoram tê-los. Estou falando de nós, teoricamente mentalmente sãs, que estão sempre na corda bamba do julgamento dos outros, ansiando por aprovação… buscando absolvição por pecados que nem sabemos se cometemos.
Quando engravidamos, é impressionante a quantia de conhecimento que descobrimos não ter… Nos percebemos completamente ignorantes para a sagrada tarefa de gerar e trazer à luz, uma vida. Na verdade, a insegurança nos acompanhará até o dia em que morrermos ou, acredito, depois. Não saberemos se fomos boas mães, especialmente se balizarmos nossas atitudes, pelas atitudes que os outros esperam de nós.





Eu só dava água para minha bebê!!! Eu amamentei meu filho só até os seis meses! Eu amamentei até quando meu bebê quis! Eu não amamentei!!! Ui!!! Meu filho só usava fraldas de panooo!!! Meu filho só usava fraldas descartáveis!!! Não dava produtos industrializados para meu bebê!!! Mas eu não deixei meu bebê ficar com vontade de tomar refrigerante!!! E por aí vai a enorme quantia de frases exclamativas que traduzem, claramente, que todas as mães que amam seus filhos, erram na tentativa de acertar e, quando o fazem, secretamente aguardam do outro, um aceno que signifique: VOCÊ É UMA BOA MÃE!
Assim é quando os tiramos em um passeio à noite e cobrimos bem seus ouvidos para que não “peguem resfriado”. Mas assim é, quando os tiramos em um passeio à noite e não cobrimos bem seus ouvidos, porque “se cobrir, o dia que pegarem frio, ficarão doentes”! A questão é: quem está errado? Quem tem qualificação para dizer que uma mãe está agindo errado com seu filho, se há, no mundo, tanta gente que faz a mesma coisa e dá certo?
Sabemos que muita gente fazendo coisa errada não torna o que é errado, correto. Mas talvez, o certo e o errado se confundam… Talvez o que é certo para mim, seja errado para você. Talvez o que consideramos verdade irrefutável seja como uma daquelas facetas de diamantes… Apenas um lado brilhante de algo que nem notamos de maneira completa, algo que não entendemos inteiramente.
Embora haja doutores especializados em educação, criação, blá, blá, blá, dos filhos, considero a mãe a maior autoridade para discorrer sobre o que é certo e errado, no dia a dia de seu filho. No entanto, vale ouvir a voz de outras experiências e outros conhecimentos…





Agora mesmo, enquanto escrevo sobre crianças que dormem com os pais, torço para que minha filha que já tem dois anos e ainda tem dificuldades em dormir na caminha dela a noite inteira, descanse (e me deixe descansar) por algumas horas, ao invés de cochilar por minutinhos apenas.
Penso em escrever que é prejudicial para o psicológico da criança quando ela dorme na mesma cama que seus pais. Depois de ter lido tanto sobre crianças que desenvolvem complexos que as acompanharão a vida inteira ou desenvolverão problemas de ordem emocional, simplesmente por não saberem lidar com o fato de que dormem na cama do casal, ainda encontro dificuldades no processo de colocar a criança para dormir na cama dela, de modo que nem ela nem eu fiquemos traumatizadas por isso.
Não tenho problemas em “cortar o cordão umbilical” e nem me coloco na condição de extremamente protetora. Mas não suporto a canseira de ficar transitando a noite toda ou de ouvir seu choro (ora manipulador, ora sentido de verdade) por não poder dormir comigo.
Não sou psicóloga. Nem pretendo fingir que sou. Nem pretendo fingir que sei o que não sei. Mas tenho plena consciência do sofrimento que representa para algumas mães, o simples ato de colocar a criança para dormir em outro quarto. Evidentemente que é um processo necessário para assegurar a saúde de todos os integrantes da família, por uma questão de lógica que vai além das questões de espaço na cama, vida afetiva do casal, perigo de ferir inadvertidamente a criança… No entanto, se o hábito de dormir na cama dos pais não é modificado de maneira responsável e bem planejada, aí sim, o processo pode ser mais traumático do que o “dormir junto” em si.
O texto veiculado no site da revista CRESCER, destaca que,

Além de ser uma delícia dividir a cama com as crianças depois de um dia de trabalho, confesse, é bem mais cômodo. Você não precisa levantar para saber se está tudo bem com ele, porque basta abrir os olhos e ele já está ali. Mas isso não pode se tornar rotina. O primeiro motivo, você vai perceber na manhã seguinte. Com o espaço reduzido e o sono agitado das crianças, a família toda vai acordar cansada. O repouso delas costuma ser mais agitado, é perna para cá, braço para lá e movimentos sem parar. E você já parou para pensar por que leva seu filho para dormir com você? De acordo com Gelsomina Colarusso, neuropediatra (SP), a frequência desse hábito tem aumentado porque, com os pais fora de casa, o contato com as crianças é menor atualmente. “Assim, ficar juntos de noite é uma maneira de compensar essa ausência, resolver alguns problemas (criança com medo de escuro, por exemplo, e pais muito cansados para levá-la de volta ao quarto) e, claro, de matar a saudade”. Só de pensar no seu filho dormindo no próprio quarto, você já fica com o coração apertado? Acalme-se. É para o bem dele. Uma das coisas que a criança aprende ao dormir no seu próprio quarto é ter a sua individualidade. Permitir que ela volte sempre para a cama dos pais pode torná-la mais dependente e medrosa. E criança no meio dos pais, você sabe bem, tira a privacidade do casal.

Penso que é uma questão de bom senso, de conhecer-se (e ao filho), de intuir a melhor maneira de impedir que o vínculo entre mãe e filho interfira negativamente no vínculo entre esposa e marido. Há fases em que a mulher esquece que é mulher e assume-se apenas mãe. Isso não é crime! E encontrar o equilíbrio que todos desejamos é, talvez, a grande batalha da vida. Para essas questões, e para tantas outras contendas que se apresentam em nossos dias…
Compartilhar a cama se torna um problema quando vira rotina e a criança não quer mais voltar para o seu quarto. Se ela usa de artifícios tais como birra ou chantagem emocional, deve soar o alarme na cabeça dos pais… Mas, a título de orientação, é importante citar as dicas expressas no artigo lido:

Assim que seu filho se acostumar com a nova rotina, ele pode, sim, de vez em quando, dormir com você e seu marido. “Mas sempre no tom de exceção. Assim como ele não toma sorvete todos os dias, também não pode dormir com os pais sempre”. E essa exceção vale para você também. Até porque quem não gosta de dormir juntinho? Se ele estiver doente, acordar muito assustado por causa de algum pesadelo, ou se a família estiver passando por um momento de tensão, como a morte de um parente, deixe que ele durma com você. O mesmo vale para aquelas manhãs em que seu filho acorda mais cedo e vai fazer uma visita para você no seu quarto.

Há quem modifique seu comportamento e o modo como educa seus filhos, não porque considera isso de suma importância, mas para garantir a aprovação dos pais, dos sogros, dos amigos, dos filhos, entre tantas outras figuras que compõem a comunidade da qual fazemos parte. Assim, enquanto tentam colaborar dizendo-nos o que fazer e seguem ajudando (e dando palpite) mesmo que não requisitemos isso, as pessoas esquecem que todos temos o direito de nos sentir confusas, inseguras, mesmo quando tentamos ser as melhores mães que podemos ser.

About the Author Júlia Pereira Damasceno de Moraes

Mulher, filha, mãe, esposa, professora, educadora, eterna aprendiz. Graduada em Letras pela Universidade do Planalto Catarinense. Especialista em Leitura e Produção de Texto. Leitora inveterada. Aspirante a escrevente. Amante do saber e do conhecimento. Preocupada com o rumo que os adolescentes e jovens estão tomando e com a falta de referencial de vida para muitos dos alunos com os quais convive 12 horas por dia. Os pais se preocupam com o mundo que vão deixar para os filhos, mas não estão se preocupando com os filhos que vão deixar para o mundo. Isso é grave!

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