Dualidade: Os dois lados da mesma moeda

Você gosta mais do inverno ou do verão? De bebidas amargas ou doces? Das cores quentes ou frias? A filosofia chinesa refere-se a essas associações como complementares. Já nós, ocidentais, associamos a isso uma ideia de oposição. Quente ou frio, alto ou baixo, claro ou escuro.





O interessante é perceber que não teríamos consciência de um se não fosse pelo outro. Explico, se vivêssemos em um lugar onde nunca escurecesse, jamais teríamos a noção de escuridão, porque só existiria luz. Mas, também não reconheceríamos a claridade, não saberíamos sequer de sua existência, mesmo estando dentro dela. Se todas as pessoas, árvores e montanhas tivessem a mesma altura, não teríamos noção de alto e baixo. Daí nasce o que chamamos de oposição, como se fossem duas coisas separadas e não relacionadas.

Assim, fica fácil perceber que essa dualidade é fundamental para que se tenha noção do mundo físico. Mas, o dual ou o complementar (dependendo do ponto de vista), não existe apenas na matéria. A ideia que temos de nós mesmos também é baseada na dualidade, e por que não dizer, na oposição. Estamos tratando do bem e do mal.





Para nós, o bem e o mal são dois guerreiros poderosos que se enfrentam todos os dias dentro de nossas mentes frágeis. Mas, do ponto de vista psicológico, o mal nada mais é que nossas partes renegadas. A sociedade impõe comportamentos considerados apropriados para a chamada “boa convivência” e os comportamentos fora do padrão vigente são relegados às sombras. Luz para o aceitável, escuridão para o inaceitável. Eis a dualidade. Quando  negamos nossos defeitos, medos, equívocos, negamos a nós mesmos em essência, porque aquilo que parece ser o certo para um grupo ou pessoa em particular, pode custar o talento, a individualidade ou os direitos de um terceiro.

Infelizmente, tem passado longe da sociedade em geral, a noção do estrago feito pela sombra, somos seres complementares, não existimos como seres completos sem nossos comportamentos “inaceitáveis”. Somos frágeis, fracos em alguns momentos e fortes e poderosos em outros, é assim que a vida funciona, e negar isso, apenas fortalece a sombra. É importante que se diga, a ideia não é deixar que a sombra tome conta, pois sabemos o mal que pode causar, mas sim olhá-la, para que sendo assimilada, possa ser trabalhada positivamente.

E é possível, sim, colocar luz sobre a sombra e transformá-la em mais luz. Lembre-se, uma é apenas ausência da outra, e a capacidade humana de aceitar-se tal como é, ou seja, clara e escura, fria e quente, doce e amarga é que faz a vida ser o que é, os dois lados de uma mesma moeda.

About the Author Simone Belkis

Simone Belkis é literata e estudiosa de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Busca unir seu amor por escrever com o desejo de colaborar para um mundo melhor.

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