Prazer, dor e emoções

A dor que sentimos quando uma relação se termina parece como um soco no peito ou no estômago. O corpo dói, sentimos a dor como se ela fosse, de fato, causada por algum fenômeno físico. A alegria de ter vencido um desafio difícil se irradia no corpo e sentimos que estamos leves, fortes e amplos.





Sensações como prazer e dor estão ligadas diretamente às emoções em nossa experiência cotidiana. Muitas pessoas temem sentir determinadas emoções justamente por causa das sensações que elas provocam. Porém, existe uma diferença grande entre elas e as emoções, que é importante ser compreendida.

A dor pode ser entendida como uma reação do organismo à uma lesão dos tecidos. Para que ela ocorra, algum tipo de dano físico deve ter ocorrido nos tecidos do corpo que aciona mecanismos para proteger o organismo de novos ferimentos e de afastá-lo do que está ocasionando a lesão atual.





O prazer é um pouco diferente, ele tem relação com a homeostase e com as oscilações dentro destes parâmetros. Ele começa quando o organismo detecta uma oscilação em padrões como fome ou sede e coloca a pessoa em busca disso. Para muitos a simples busca já desencadeia a sensação, enquanto outros o sentem quando entram em contato com o que irá saciá-lo. Esta saciação é o que denominamos prazer.

As emoções são reações orgânicas que envolvem todo o corpo e tem a ver com respostas à determinados estímulos. Não há necessidade de sentir dor para sentir raiva, por exemplo, ou de sentir prazer para sentir orgulho. Emoções funcionam de uma maneira diferente inclusive nas regiões neuronais e nos caminhos sinápticos que seguem. Sentir prazer também é diferente de sentir dor, embora usualmente ambos sejam equiparados como fenômenos antagônicos, a verdade é que eles são distintos e tratam de causas completamente diferentes.

Embora diferentes, os mesmos estímulos podem desencadear todas essas sensações. A emoção da raiva pode advir de um elemento que cause danos aos tecidos do corpo. É possível sentir prazer e alegria em relação à algo que satisfaz meu organismo. O fato do mesmo estímulo causar prazer e emoção, por exemplo, é o fato pelo qual fazemos tanta confusão.

A importância em dissociar estes elementos é grande porque a maneira pela qual reagimos à dor, por exemplo, é criando distância e nos protegendo. Algumas emoções são sentidas como dolorosas, porém a resposta de afastamento não é adequada. A culpa é uma emoção dolorosa para muitas pessoas, porém afastar-se daquilo que fizemos irá aumentar a chance de cometermos o mesmo erro no futuro.





O mesmo valo para sensações prazerosas associadas, por exemplo, com emoções passivas como a esperança. Ter uma expectativa atendida sem esforço nos faz sentir prazer, porém, como já foi visto o prazer vem da procura de algo positivo para o organismo, algo que reorganize os padrões homeostáticos dele. Assim, embora seja prazeroso “ficar à toa”, a sensação prazerosa advém, inicialmente da busca e não da expectativa.

Distinguir o que é prazeroso, do que é doloroso e da emoção que sentimos nos ajuda a perceber, melhor, como lidar com cada um destes elementos e suas consequências organizando respostas mais adequadas à cada um deles. Um exemplo é associar o orgulho ao esforço, depois à sensação de prazer quando o esforço traz aquilo que precisamos. Ao aprender alocar dor, prazer e emoção de maneiras adequadas estamos aumentando o leque de possibilidades que nosso corpo nos dá afim de usar nossas emoções e sensações mais adequadamente.

 

About the Author Akim Rohula Neto

Akim Rohula Neto é natural de Curitiba onde nasceu e se criou. Descendente de russos e italianos desde cedo percebeu que as diferenças emocionais e na percepção de mundo podem trazer problemas e ser fonte de grande competências e conquistas. Realiza sua graduação em Psicologia na PUC-PR (1999-2003), no mesmo ano termina uma especialização em Psicologia Corporal no Instituto Reichiano (2000-2003) e em PNL (Programação Neurolingüística) com Leonardo Bueno (1999-2003). Mais tarde, sentindo a necessidade de uma compreensão maior sobre os fenômenos familiares busca no INTERCEF (2008-2010) a formação em Psicologia Sistêmica. Desde a graduação em 2004 trabalha com atendimento em psicoterapia para adolescentes e adultos e a partir de 2008 trabalha com casais e famílias. Além disso ministra palestras e workshops que visam o desenvolvimento de competências para desenvolvimento do auto domínio e da inteligência emocional.

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