Hipnose como terapia e cura?

Em plena tarde de um domingo qualquer, acabei participando de uma palestra vivencial, onde as pessoas puderam assistir na prática o funcionamento da hipnose, através de demonstrações com os próprios participantes do evento.






Eu já havia me deixado hipnotizar em duas ocasiões distintas e também por diferentes terapeutas. E em nenhuma das duas experiências eu havia me convencido de que esta terapia era algo para minha pessoa. Não levei adiante.
Pela experiência de ter vivido na Alemanha por seis anos, pude perceber o quanto a hipnose é utilizada no continente europeu. Além de ser recurso de diversos terapeutas contra o tabagismo e a obesidade, alguns hospitais utilizavam o método para substituir a anestesia geral, algo tão temido pela maioria dos alemães.
Então naquela tarde, me permiti mais uma vez passar pela experiência para a demonstração de uma das técnicas de hipnose. Até então, nada que me surpreendesse. Porém, algo muito significativo e profundo aconteceu depois.





Na sequência de demonstrações, uma das participantes afirmou ter problemas com dinheiro. Ela contou que nunca conseguia ganhar o que as pessoas achavam que ela conseguiria com facilidade. Era como se a prosperidade fugisse dela.
Num relaxamento mais profundo, a terapeuta fez com que aquela mulher retornasse ao momento de sua vida, quando a questão havia se iniciado. Para a surpresa de todos, ela passou naquele momento a ter cinco anos de idade. Ao ser perguntada sobre o que ela via e com quem estava, ela afirmou que via os pais carregando as irmãs mais novas. E pelo fato dela ser mais velha, ela não podia obter a mesma coisa. A terapeuta pergunta: “O que você quer?”. E ela responde: “Colo!”
A cena e os diálogos deixam claro o sentimento de perda e inferioridade em relação às suas irmãs mais novas. Desde cedo ela teve que ceder seu lugar e desejo às outras. Ali residia o trauma que afetava toda sua vida financeira. Ela não se sentia merecedora. Era mais fácil e natural “abrir mão” do que possuir.
A terapeuta cita algumas frases sobre seu merecimento e direito de ter, afirmações que segundo ela, trariam a cura para aquele momento de trauma e dor. A participante volta do transe e simplesmente não se lembra do que ocorreu.





Se com o tempo este momento de hipnose trará cura em sua vida íntima e financeira, ainda não se sabe, mas fato é que em poucos minutos, todos pudemos assistir de forma surpreendente, sobre de que forma um pequeno momento pode afetar um ser adulto, ainda que nem se lembre.
Ainda que o futuro desta pessoa não me pertença e eu talvez nunca saiba o quanto aquele momento de hipnose terá efeito em seu futuro, me sinto grata pela permissão de ter “assistido” ao seu passado. De maneira única e inédita, fui expectadora de uma pessoa adulta visitando sua infância. Num corpo de mulher, com feições infantis, tive a oportunidade de assimilar o impacto que aquele pequeno momento representou durante sua vida inteira.
Todos temos nossa criança interior, que por vezes foi negligenciada no passado. Com hipnose ou não, o olhar para si mesmo em busca da cura é algo que promove uma vida mais feliz e consciente. Curamos o passado para viver o presente da forma mais saudável possível.
Se em algum momento não nos cuidaram devidamente, agora somos nós os responsáveis e cuidadores de nós mesmos.

About the Author Carolina Vilanova

Carolina Vila Nova é brasileira. Tem cidadania alemã, 40 anos. Escritora e Roteirista. É autora dos seguintes livros: “Minha vida na Alemanha” (Autobiografia), “A dor de Joana” (Romance), “Carolina nua” (Crônicas), “Carolina nua outra vez” (Crônicas), “Vamos vida, me surpreenda!” (Crônicas), “As várias mortes de Amanda” (Romance), “O dia em que os gatos andaram de avião” (Infantil), "O Milagre da Vida" (Crônicas) e "O beijo que dei em meu pai" (Crônicas). Disponíveis na Amazon.com e Amazon.com.br Mais matérias em: www.carolinavilanova.com

follow me on:

Leave a Comment: