Qual a origem da violência em um Surto Psicótico?

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Um novo estudo investigou sobre a associação entre o surto psicótico e a raiva. Levou-se em consideração nesse estudo que o fato de estar fora da realidade não é um fator determinante para gerar algum tipo de violência. A pesquisa foi publicada no JAMA Psychiatry e incluiu 458 participantes com cerca de 31 anos, todos já haviam sofrido algum surto psicótico.

Os participantes eram todos moradores de East London, um bairro com um histórico cheio de pobreza e estresse social. Os participantes foram diagnosticados com algum tipo de psicose através dos serviços de saúde mental locais, hospitais ou pelo próprio sistema de justiça criminal.

A maioria dos participantes havia sido diagnosticada com Esquizofrenia e Transtorno esquizoafetivo (uma condição que inclui os delírios e o isolamento social da esquizofrenia juntamente com algum transtorno de humor como a depressão ou a bipolaridade), 14% sofria de depressão psicótica (uma condição na qual os delírios se desenvolvem devido a um grave estado depressivo), 10% sofria de transtorno bipolar com episódios maníacos e delírios psicóticos. O restante foi diagnosticado com uma variedade de condições psicóticas menos comuns.

Quase dois terços dos participantes não havia se envolvido em qualquer tipo de situação de violência antes de ter seu primeiro episódio psicótico, mas  26% deles já havia cometido algum ato de violência de menor intensidade, como assaltos (sem uso de arma de fogo) ou brigas a mão livre. Já os outros 12% havia cometido atos de violência graves, como fazer uso de armas letais ou praticar assédio sexual.

Os pesquisadores liderados pelo Dr. Jeremy Coid, professor de psiquiatria na Universidade Queen Mary, entrevistou os participantes sobre o conteúdo de seus delírios e suas experiências emocionais. A raiva que surgia nos delírios estava fortemente ligada à tentativa de prejudicar os outros. Fora a margem de erro, 31% do uso de violência de menor intensidade estava também associada aos delírios. Nos participantes seriamente violentos, a raiva foi responsável por 56% dos incidentes. A ansiedade e o  medo não foram associados à violência.

Aqueles que praticavam violência tendiam a ser mais jovens. Os ataques mais violentos, em sua maioria, foram cometidos por participantes do sexo masculino, no entanto, não havia diferença de gênero quando se tratava de atos de violência de menor intensidade. Nenhum dos delírios eram perigosos em si mesmos, no entanto, três tipos, dos quais todos envolviam algum sentimento de ameaça pessoal, geravam violência. Um deles envolvia uma ilusão centrada na ideia de que a pessoa estava sendo espionada ou estava sob vigilância por algum tipo de autoridade, grupo ou pessoa. O outro delírio era baseado na crença de que todas as pessoas eram hostis. E, por último, havia o delírio de fantasia, na qual a pessoa fantasiava que estava acontecendo alguma forma de conspiração contra ela.

Qualquer sensação de ameaça gerada pela raiva pode causar violência nesses casos. “A raiva constitui a principal causa da violência”, afirmam os autores do estudo. Por outro lado, respostas mais depressivas às ameaças pareciam ter um “efeito protetor” segundo a pesquisa. “Quando os pacientes não estavam com raiva, os delírios não causavam nenhum problema“, disse Coid.

Mas por que os delírios geram raiva em algumas pessoas e em outras não? Os pesquisadores não têm certeza, mas acreditam que uma melhor compreensão desta conexão, bem como um maior apreço pela forma como esta resposta de raiva está relacionada com os delírios de psicose, pode levar a tratamentos que impeçam o comportamento violento e suas consequências potencialmente trágicas.

Fonte: Healthland traduzido e adaptado por Psiconlinews

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